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19 de fev. de 2012

Glicídios

Os glicídios são moléculas orgânicas constituídas fundamentalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. São também conhecidos como açúcares, sacarídeos (do grego sakkharon, açúcar), carboidratos ou hidratos de carbono.
A classe dos glicídios (do grego glicos, "doce") é muito ampla e abrange desde o açúcar comum até compostos muito complexos, como a celulose e o amido, que são produzidos nos vegetais pelo processo de fotossíntese.


Classificação dos glicídios 

Monossacarídeos 
Os glicídios mais simples são os monossacarídeos, que apresentam fórmula geral Cn(H2O)n. O valor de n pode variar de 3 a 7, e, de acordo com ele, os monossacarídeos são chamados respectivamente de trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. Exemplos de monossacarídeos são glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. 
Dissacarídeos 
Dissacarídeos são moléculas formadas pela união de dois monossacarídeos. A reação de formação de um dissacarídeo é uma síntese por desidratação: um dos monossacarídeos perde um hidrogênio ( -H ) e o outro perde uma hidroxila ( -OH ); os dois monossacarídeos se unem, e o hidrogênio e a hidroxila liberados formam uma molécula de água.
A sacarose - o açúcar de cana - é um dissacarídeo formado pela união de uma molécula de glicose e uma de frutose. Outro exemplo de dissacarídeo é a lactose - o açúcar do leite -, constituído por uma glicose ligada a uma galactose. 
Polissacarídeos 
Polissacarídeos são moléculas grandes, formadas de centenas ou milhares de monossacarídios. Exemplos de polissacarídeos são amido, glicogênio, celulose, quitina, entre outros.
As moléculas de glicose fabricadas na fotossíntese e unidas de uma determinada maneira transformam-se em amido, que é armazenado. Nas células das plantas Quando a célula necessita de energia, o amido é quebrado por hidrólise, transformando-se novamente em moléculas de glicose. O amido constitui-se a principal substância de reserva das plantas e de muitas algas.
Em nosso organismo também ocorre armazenamento de polissacarídeos. Depois de uma refeição, as células do fígado absorvem moléculas de glicose do sangue, unindo-as de maneira a formar polissacarídeos. Quando a taxa de glicose no sangue abaixa nos períodos entre as refeições, as células do fígado quebram o glicogêmo reconvertendo-o em moléculas de glicose que são lançadas no sangue.
A celulose, substância que constitui a parede da célula vegetal é também um polissacarídeo formado a partir de moléculas de glicose. Estima-se que as algas e as plantas terrestres produzam 10 milhões de toneladas de celulose diariamente.
Ao contrário do amido e do glicogênio, a celulose é muito resistente à digestão; apenas algumas espécies de fungos, bactérias e protozoários são capazes de digeri-la.

Principais Glicídios (Incluindo: Açúcares e Adoçantes)

Glicose, Glucose, Dextrose ou Açúcar de Uva
É uma aldo-hexose de fórmula C6H12O6. A glicose é encontrada nas uvas e em vários frutos. Ela é obtida, industrialmente, pela hidrólise do amido.
A glicose é usada na alimentação (na fabricação de doces, balas, etc.). É também chamada de "açúcar do sangue", pois é o açúcar mais simples que circula em nossas veias. No sangue humano, a sua concentração é mantida entre 80 e 120 mg por 100 ml, pela ação de hormônios secretados pelo pâncreas. Se por doença ou falta prolongada de alimentação essa concentração diminui (hipoglicemia), a pessoa deverá receber soro glicosado (que é importante na recuperação de pessoas debilitadas); se, pelo contrário, a concentração de glicose no sangue aumentar (hiperglicemia), a pessoa apresentará sintomas conhecidos por diabete e deverá receber medicamentos, como, por exemplo, a insulina. Testes comuns para teor de glicose no sangue pode ser efetuado com a glico-fita que em contato com a urina assume cores que indicam a taxa de glicose.
(C6H10O5)n +nH2O => nC6H12O6
   Amido 
Frutose ou Levulose
É a cestose mais comum, de fórmula molecular C6H12O6. A frutose é encontrada no mel e em muitos frutos (daí seu nome "açúcar de frutas"). É obtida por hidrólise de um polissacarídio chamado inulina. É também usada na fabricação de alimentos.
Sacarose, Açúcar de Cana ou Açúcar Comum
É um dissacarídeo, de fórmula C12H22O11, encontrado principalmente na cana de açúcar e na beterraba. Estruturalmente a sacarose resulta da condensação de uma molécula de glicose e uma molécula de frutose (condensação é a união dessas duas moléculas com eliminação de uma molécula de água).
A sacarose é um açúcar não redutor (não reduz os reativos de Fehling e Tollens), porque não possui radicais aldeídos livres. Ela pode ser hidrolisada, por ácidos diluídos ou pela ação da enzima invertase, liberando a glicose e a frutose que existem em sua estrutura:
C12H22O11 + H2O => C6H12O6 + C6H12O6
Sacarose Glicose Frutose
Essa reação é denominada inversão da sacarose, pois, durante a sua realização, o plano da luz polarizada desvia-se da direita (+66,5º) para a esquerda (-39,6º). O mel é formado principalmente por açúcar invertido, isto é, por uma mistura de glicose e frutose.
No Brasil, a sacarose é obtida por cristalização do caldo de cana e utilizada na alimentação, no fabrico do álcool, etc. Na Europa, a sacarose é produzida principalmente a partir da beterraba.
Até o século XVIII o açúcar era considerado um artigo de luxo e quase só usado como medicamento calmante. Foi a partir da disseminação da cana de açúcar na América e do açúcar de beterraba na Europa que se iniciou o consumo desse produto como hoje conhecemos.
Lactose ou Açúcar do Leite
É um polissacarídeo, de fórmula (C6H10O5)n, que atinge massas moleculares da ordem de 400.000. A celulose existe praticamente em todos os vegetais; o algodão, por exemplo, é celulose quase pura. A celulose é formada pela condensação de um grande número de moléculas de b-glicose.
As verduras, frutas e cereais fibrosos que ingerimos contém quantidades maiores ou menores de celulose. Nosso organismo não a digere porque nem no estômago nem nos intestinos existem enzimas capazes de quebrar as moléculas de celulose; conseqüentemente, toda a celulose que ingerimos acaba sendo eliminada nas fezes; no entanto a ingestão de alimentos fibrosos é importante para o bom funcionamento dos intestinos. Lembramos, porém, que animais herbívoros (boi, cavalo, ovelha, etc.) digerem a celulose de ervas como o capim, por que são auxiliados, neste processo, por bactérias e protozoários existentes em seus aparelhos digestivos.
Industrialmente, a celulose do algodão é usada para a produção de tecidos e a madeira (pinheiros, eucaliptos, etc.) é usada para a produção de papel.
Amido
É também um polissacarídeo. Sua fórmula é (C6H10O5)n e tem massa molecular entre 60.000 e 1.000.000. É encontrado frequentemente nos vegetais: em cereais (arroz, milho trigo, etc.) e em raízes (batata, mandioca, etc.). O amido constitui reserva alimentar dos vegetais.
O amido é formado pela condensação de moléculas de a-glicose, que são libertadas quando o amido é hidrolisado. Por isso, as substâncias amiláceas constituem um ótimo alimento para o homem e os animais.
Em contato com o iodo, o amido produz uma coloração violeta escura, razão pela qual o amido é usado como indicador do iodo.
Glicogênio
É um polissacarídeo’também formado pela condensação de moléculas de glicose. Sua fórmula é (C6H10O5)ne apresenta uma estrutura ramificada, como mostramos a seguir:
O glicogênio existe nos músculos e no fígado dos animais, constitui uma reserva alimentar. Quando o organismo necessita de glicose, imediatamente transforma o glicogênio em glicose; daí o glicogênio ser conhecido como "amido animal".


A importância dos glicídios para os seres vivos 

A importância dos glicídios é enorme. Apenas como exemplo, lembramos que a celulose está presente na madeira, em tecidos (algodão e linho), é matéria-prima na fabricação de papel, celulóide, celofane, algodão-pólvora, etc. O amido por sua vez é um alimento  fundamental para os homens e animais. Os glicídios aparecem também nos chamados ácidos nucléicos, que são constituintes fundamentais das células vivas.
É importante ainda lembrar que o estudo dos glicídios já passa a ser objeto da BIOQUÍMICA, que, como o nome diz, é a parte da química que estuda os compostos e as reações que ocorrem nos seres vivos. A Bioquímica nasceu da Química Orgânica e hoje é uma ciência autônoma e altamente desenvolvida.

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