3 de set. de 2011
Trabalhos prontos de Doenças
Alcoolismo
1- INTRODUÇÃO
O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas as conseqüências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnéstica (perdas restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal.
Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, mas medicamente para maior precisão, é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois geralmente há mais de um.
2- ALGUMAS DEFINIÇÕES
O fenômeno da Dependência (Addiction) é o comportamento de repetição que obedece a dois mecanismos básicos não patológicos: o reforço positivo e o reforço negativo. O reforço positivo refere-se ao comportamento de busca do prazer: quando algo é agradável a pessoa busca os mesmos estímulos para obter a mesma satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou desprazer. Quando algo é desagradável a pessoa procura os mesmos meios para evitar a dor ou desprazer, causados numa dada circunstância. A fixação de uma pessoa no comportamento de busca do álcool, obedece a esses dois mecanismos acima apresentados. No começo a busca é pelo prazer que a bebida proporciona.
Depois de um período, quando a pessoa não alcança mais o prazer anteriormente obtido, não consegue mais parar porque sempre que isso é tentado surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-los a pessoa mantém o uso do álcool. Os reforços positivo e negativo são mecanismos ou recursos normais que permitem às pessoas se adaptarem ao seu ambiente.
As medicações hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo álcool, inibindo o reforço positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela abstinência, inibindo o reforço negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos estudos avaliando o benefício trazido pela combinação dessas duas medicações para os dependentes de álcool que não obtiveram resultados satisfatórios com cada uma isoladamente.
3- TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA
A tolerância e a dependência ao álcool são dois eventos distintos e indissociáveis. A tolerância é a necessidade de doses maiores de álcool para a manutenção do efeito de embriaguez obtido nas primeiras doses. Se no começo uma dose de uísque era suficiente para uma leve sensação de tranqüilidade, depois de duas semanas (por exemplo) são necessárias duas doses para o mesmo efeito. Nessa situação se diz que o indivíduo está desenvolvendo tolerância ao álcool. Normalmente, à medida que se eleva a dose da bebida alcoólica para se contornar a tolerância, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos poucos, cinco doses de uísque podem se tornar inócuas para o indivíduo que antes se embriagava com uma dose. Na prática não se observa uma total tolerância, mas de forma parcial. Um indivíduo que antes se embriagava com uma dose de uísque e passa a ter uma leve embriaguez com três doses está tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O alcoólatra não pode dizer que não está tolerante ao álcool por apresentar sistematicamente um certo grau de embriaguez. O critério não é a ausência ou presença de embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A tolerância ocorre antes da dependência. Os primeiros indícios de tolerância não significam, necessariamente, dependência, mas é o sinal claro de que a dependência não está longe. A dependência é simultânea à tolerância. A dependência será tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerância ao álcool. Dizemos que a pessoa tornou-se dependente do álcool quando ela não tem mais forças por si própria de interromper ou diminuir o uso do álcool.
O alcoólatra de "primeira viagem" sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e afirma: "quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool, mesmo que os outros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa da auto-imagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma). O alcoolismo, como qualquer diagnóstico psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio estado de dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da auto-imagem e conseqüentemente da auto-estima. Com a auto-estima enfraquecida a pessoa já não tem a mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação paradoxal para a qual não se obteve uma solução satisfatória. Dependerá da arte de conduzir cada caso particularmente, dependerá da habilidade de cada psiquiatra.
4- ASPECTOS GERAIS DO ALCOOLISMO
A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros. Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. É mais difícil de se reverter o processo. Como a maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os usuários tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservação da auto-estima acaba trazendo atrasos na intervenção terapêutica. Para se iniciar um tratamento para o alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua auto-estima sem, contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de se conseguir na prática. O profissional deve estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. O Álcool pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais freqüentes, bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um, envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas. A susceptibilidade a infecções aumenta e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises convulsivas. Nos casos de dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se sempre avaliar incidências familiares de alcoolismo porque se sabe que a carga genética predispõe ao alcoolismo. É muito mais comum do que se imagina a coexistência de alcoolismo com outros problemas psiquiátricos prévios ou mesmo precipitante. Os transtornos de ansiedade, depressão e insônia podem levar ao alcoolismo. Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de personalidade tornam o tratamento mais difícil e prejudicam a obtenção de sucesso.
5- TRATAMENTO DO ALCOOLISMO
O alcoolismo, essencialmente, é o desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas numa quantidade prejudicial ao bebedor. O núcleo da doença é o desejo pelo álcool; há tempos isto é aceito, mas nunca se obteve uma substância psicoativa que inibisse tal desejo. Como prova de que inúmeros fracassos não desanimaram os pesquisadores, temos hoje já comprovadas, ou em fase avançada de testes, três substâncias eficazes na supressão do desejo pelo álcool, três remédios que atingem a essência do problema, que cortam o mal pela raiz. Estamos falando naltrexona, do acamprosato e da ondansetrona. O tratamento do alcoolismo não deve ser confundido com o tratamento da abstinência alcoólica. Como o organismo incorpora literalmente o álcool ao seu metabolismo, a interrupção da ingestão de álcool faz com que o corpo se ressinta: a isto chamamos abstinência que, dependendo, do tempo e da quantidade de álcool consumidos pode causar sérios problemas e até a morte nos casos não tratados. As medicações acima citadas não têm finalidade de atuar nessa fase. A abstinência já tem suas alternativas de tratamento bem estabelecidas e relativamente satisfatórias. O Dissulfiram é uma substância que força o paciente a não beber sob a pena de intenso mal estar: se isso for feito, não suprime o desejo e deixa o paciente num conflito psicológico amargo. Muitos alcoólatras morreram por não conseguirem conter o desejo pelo álcool enquanto estavam sob efeito do Dissulfiram. Mesmo sabendo o que poderia acontecer, não conseguiram evitar a combinação do álcool com o Dissulfiram, não conseguiram sequer esperar a eliminação do Dissulfiram. Fatos como esses servem para que os clínicos e os não-alcoólatras saibam o quanto é forte a inclinação para o álcool sofrida pelos alcoólatras, mais forte que a própria ameaça de morte. Serve também para medir o grau de benefício trazido pelas medicações que suprimem o desejo pelo álcool, atualmente disponíveis. Podemos fazer uma analogia para entender essa evolução. Com o Dissulfiram o paciente tem que fazer um esforço semelhante ao motorista que tenta segurar um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o automóvel deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações o motorista está dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue no fim da ladeira. Em ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo). Numa o esforço é enorme causando grande percentagem de fracassos; noutro o esforço é pequeno, permitindo grande adesão ao tratamento.
6- PROBLEMAS CLÍNICOS
Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema superficialmente.
Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30 a 40% das pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida: provavelmente o álcool inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é natural, tendo sua estrutura registrada no eletroencefalograma alterado. Entre 5 e 15% dos alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente estado de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas síndromes alcoólicas pode-se encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado.
Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjôo, vômitos e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de cirrose hepática além de irreversíveis, são potencialmente fatais devido ao sangramento de grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos alcoólatras constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas mais falados dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando o alcoólatra lentamente à morte.
Em relação ao Câncer os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a população em geral.
Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames conseqüentes. É relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de grande quantidade de bebida.
O metabolismo do álcool afeta o balanço dos hormônios reprodutivos no homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares o que prejudica a produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso contínuo de 220 gramas de álcool os efeitos acima mencionados começam a se manifestar e continua a se aprofundar com a permanência do álcool. Essa deficiência contribui para a feminilização dos homens, com o surgimento, por exemplo, de ginecomastia (presença de mamas no homem).
Não há evidências de que o alcoolismo afete diretamente os níveis dos hormônios tireoideanos. Há pacientes alcoólatras que apresentam alterações tanto para mais como para menos nos níveis desses hormônios; presume-se que quando isso ocorre seja de forma indireta por afetar outros sistemas do corpo.
Alterações são observadas em indivíduos que abusam de álcool, mas essas alterações não provocam problemas detectáveis como inibição do crescimento ou baixa estatura, pelo menos até o momento.
O Hormônio Antidiurético inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe esse hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que pode levar a desidratação.
7- RECAÍDA
A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado com o uso de álcool) é muito alta: aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos seguintes a interrupção, quando nenhum tratamento é feito. A semelhança com outras formas de dependência como a nicotina, tranqüilizantes, estimulantes, etc, levam a crer que um há um mecanismo psicológico (cognitivo) em comum. O dependente que consiga manter-se longe do primeiro gole terá mais chances de contornar a recaída. O aspecto central da recaída é o chamado "craving", palavra sem tradução para o português que significa uma intensa vontade de voltar a consumir uma droga pelo prazer que ela causa. O craving é a dependência psicológica propriamente dita.
8- AS MULHERES SÃO MAIS VULNERÁVEIS AO ÁLCOOL QUE OS HOMENS?
Aparentemente as mulheres são mais vulneráveis sim. Elas atingem concentrações sanguíneas de álcool mais altas com as mesmas doses quando comparadas aos homens. Parece também que sob a mesma carga de álcool os órgãos das mulheres são mais prejudicados do que o dos homens. A idade onde se encontra a maior incidência de alcoolismo feminino está entre 26 e 34 anos, principalmente entre mulheres separadas. Se a separação foi causa ou efeito do alcoolismo isto ainda não está claro. As conseqüências do alcoolismo sobre os órgãos são diferentes nas mulheres: elas estão mais sujeitas a cirrose hepática do que o homem. Alguns estudos mostram que o consumo moderado de álcool diário aumenta as chances de câncer de mama. Um drink por dia não afeta a incidência desse câncer.
9- FILHOS DE ALCOÓLATRAS
Milhões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no Brasil. As estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e psiquiátricos do que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de forma alguma significa que todos eles serão afetados. Na verdade 59% não desenvolvem nenhum problema. O primeiro problema que podemos citar é a baixa auto-estima e auto-imagem com conseqüentes repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas do funcionamento mental, inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças tendem quando examinados a subestimarem suas próprias capacidades e qualidades. Outros problemas comuns em filhos e parentes de alcoólatras são persistência em mentiras, roubo, conflitos e brigas com colegas, vadiagem e problemas com o colégio.
10-O ALCOOLISMO É GENÉTICO?
Esta pergunta bastante antiga vem sendo mais bem estudada nas últimas décadas através de estudos com gêmeos, e será mais aprofundada com o projeto genoma. A influência familiar do alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo ocorre por influência do convívio ou por influência genética. Para responder a essa pergunta a melhor maneira é a verificação prática da influência, o que pode ser feito estudando os filhos dos alcoólatras. Estudos como esses podem investigar os gêmeos monozigóticos (idênticos) e os dizigóticos. Constatou-se que quando um dos gêmeos idênticos se torna alcoólatra o irmão se torna mais freqüentemente alcoólatra do que os irmãos gêmeos não idênticos. Essa constatação mostra a influência genética real, mas não explica porque, mesmo tendo os "gens do alcoolismo," uma pessoa não se torna alcoólatra. Os estudos familiares mostraram que a participação genética é inegável, mas apenas parcial, os demais fatores que levam ao desenvolvimento do alcoolismo não estão suficientemente claros.
11- PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO
11.1- ABUSO DE ÁLCOOL
A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz uso continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente, mas recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em curtos períodos de tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente esteja tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das seguintes situações: a) prejuízos significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou negligências nos cuidados com os filhos. b) exposição a situações potencialmente perigosas como dirigir ou manipular máquinas perigosas embriagado. c) problemas legais como desacato a autoridades ou superiores. d) persistência no uso de álcool apesar do apelo das pessoas próximas em que se interrompa o uso.
11.2- DEPENDÊNCIA AO ÁLCOOL
Para se fazer o diagnóstico de dependência alcoólica é necessário que o usuário venha tendo problemas decorrentes do uso de álcool durante 12 meses seguidos e preencher pelo menos 3 dos seguintes critérios:
a) apresentar tolerância ao álcool -- marcante aumento da quantidade ingerida para produção do mesmo efeito obtido no início ou marcante diminuição dos sintomas de embriaguez ou outros resultantes do consumo de álcool apesar da continua ingestão de álcool.
b) sinais de abstinência -- após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a apresentar os seguintes sinais: sudorese excessiva, aceleração do pulso (acima de 100), tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, convulsões, alucinações táteis. A reversão desses sinais com a reintrodução do álcool comprova a abstinência. Apesar do álcool "tratar" a abstinência o tratamento de fato é feito com diazepam ou clordiazepóxido dentre outras medicações.
c) o dependente de álcool geralmente bebe mais do que planejava beber.
d) persistente desejo de voltar a beber ou incapacidade de interromper o uso.
e) emprego de muito tempo para obtenção de bebida ou recuperando-se do efeito.
f) persistência na bebida apesar dos problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e das relações familiares.
11.3- ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA
A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas pessoas que interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de abstinência se apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, insônia, náuseas e vômitos, ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A síndrome de abstinência leve não precisa necessariamente surgir com todos esses sintomas, na maioria das vezes, inclusive, limita-se aos tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com o surgimento do delirium tremens. Nesse estado o paciente apresenta confusão mental, alucinações, convulsões. Geralmente começa dentro de 48 a 96 horas a partir da ultima dose de bebida. Dada a potencial gravidade dos casos é recomendável tratar preventivamente todos os pacientes dependentes de álcool para se evitar que tais síndromes surjam. Para se fazer o diagnóstico de abstinência, é necessário que o paciente tenha pelo menos diminuído o volume de ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não interrompendo completamente é possível surgir a abstinência. Alguns pesquisadores afirmam que as abstinências tornam-se mais graves na medida em que se repetem, ou seja, um dependente que esteja passando pela quinta ou sexta abstinência estará sofrendo os sintomas mencionados com mais intensidade, até que surja um quadro convulsivo ou de delirium tremens. As primeiras abstinências são menos intensas e perigosas.
O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. Delirium é um diagnóstico inespecífico em psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa não sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem um comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível, a noite pode ficar mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Como dentro do estado de delirium da abstinência alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão, o nome ficou como Delirium Tremens. Um traço comum no delírio tremens, mas nem sempre presente são as alucinações táteis e visuais em que o paciente "vê" insetos ou animais asquerosos próximos ou pelo seu corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação violenta para tentar livrar-se dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de alucinação induzida, por exemplo, o entrevistador pergunta ao paciente se está vendo as formigas andando em cima da mesa sem que nada exista e o paciente passa a ver os insetos sugeridos. O Delirim Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo.
11.4- INTOXICAÇÃO PELO ÁLCOOL
O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é obtida voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala arrastada), descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos oscilando no plano horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e na atenção, estupor ou coma nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas alterações neurológicas apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da pessoa que está intoxicada. Uma pessoa muito embriagada geralmente encontra-se nessa situação porque quis, uma leve intoxicação em alguém que não está habituado é aceitável por inexperiência mas não no caso de alguém que conhece seus limites.
Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. Há dois desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a outra a demência alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, movimentos oculares rítmicos como se estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos músculos oculares, provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não tinha nada. Além desses sinais neurológicos o paciente pode estar em confusão mental, ou se com a consciência clara, pode apresentar prejuízos evidentes na memória recente (não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes) e muitas vezes para preencher as lacunas da memória o paciente inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este quadro deve ser considerado uma emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1(tiamina) para evitar um agravamento do quadro. Os sintomas neurológicos acima citados são rapidamente revertidos com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se tornar permanente. Quando isso acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias outras funções mentais preservadas, torna-se uma pessoa incapaz de manter suas funções sociais e pessoais. Muitos autores referem-se a SWK como uma forma de demência, o que não está errado, mas a demência é um quadro mais abrangente, por isso preferimos o modelo americano que diferencia a SWK da demência alcoólica.
A Síndrome Demencial Alcoólica é semelhante a demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e prolongado do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernick-Korsakoff, o álcool pode provocar lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se.
12- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA FETAL
A Síndrome de Abstinência Fetal descrita pela primeira vez em 1973 era considerada inicialmente uma conseqüência da desnutrição da mãe, posteriormente viu-se que os bebês das mães alcoólatras apresentavam problemas distintos dos bebês das mães desnutridas, além de outros problemas que esses não tinham. Constatou-se assim que os recém-natos das mães alcoólatras apresentam um problema específico, sendo então denominada Síndrome de Abstinência Fetal (SAF). As características da SAF são: baixo peso ao nascer, atraso no crescimento e no desenvolvimento, anormalidades neurológicas, prejuízos intelectuais, más formações do esqueleto e sistema nervoso, comportamento perturbado, modificações na pálpebra deixando os olhos mais abertos que o comum, lábio superior fino e alongado. O retardo mental e a hiperatividade são os problemas mais significativos da SAF. Mesmo não havendo retardo é comum ainda o prejuízo no aprendizado, na atenção e na memória; e também descoordenação motora, impulsividade, problemas para falar e ouvir. O déficit de aprendizado pode persistir até a idade adulta.
13- O ESTRESSE PODE PROVOCAR ALCOOLISMO?
O estresse não determina o alcoolismo, mas estudos mostraram que pessoas submetidas a situações estressantes para as quais não encontra alternativa, tornam-se mais freqüentemente alcoólatras. O álcool possui efeito relaxante e tranqüilizante semelhante ao dos ansiolíticos. O problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que os ansiolíticos. Numa situação dessas o uso de ansiolíticos poderia prevenir o surgimento de alcoolismo. Na verdade o que se encontra é a vontade de abolir as preocupações com a embriaguez e isso os ansiolíticos não proporcionam, ou o fazem em doses que levariam ao sono. O homem quando submetido a estresse tende a procurar não a tranqüilidade, mas o prazer. Daí que a vida sexualmente promíscua muitas vezes é acompanhada de abuso de álcool e drogas. O fato de uma pessoa não encontrar uma solução para seu estresse não significa que a solução não exista. A Logoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a encontrar um significado na sua angústia. Não suprime a fonte da angústia, mas a torna mais suportável. Quando uma dor adquire um sentido, torna-se possível contorná-la, continuar a vida com um sorriso, desde que ela não seja incapacitante. Sob esse aspecto a logoterapia pode ajudar a vencer o alcoolismo nas suas etapas iniciais, quando ainda não surgiu dependência química. Uma situação de estresse real que passamos atualmente é o desemprego. Este problema social é de difícil resolução e geralmente faz com que as pessoas se ajustem às custas de elevação da tensão emocional prolongada, que é a mesma coisa de estresse.
14- ALCOOLISMO E DESNUTRIÇÃO
As principais funções do processo alimentar são a manutenção da estrutura corporal e das necessidades energéticas diárias. Uma alimentação equilibrada proporciona o que precisamos. O álcool é uma substância bastante energética, em épocas passadas, chegou a ser usado em pacientes após cirurgias para uma reposição mais rápida da energia perdida na cirurgia. Apesar de altamente calórico o álcool não é armazenável. Não fossem os efeitos prejudiciais ao longo do tempo, o álcool seria um excelente meio de perder peso. Para que se possa entender como o álcool fornece energia e ao mesmo tempo não é armazenável é necessário entender seu mecanismo metabólico o que não será abordado aqui. Pelo fato do usuário de álcool possuir suas necessidades energéticas supridas ele não sente muita ou nenhuma fome, assim não há vontade de comer. A diminuição da oferta das substâncias (proteínas, açucares, gorduras, vitaminas e minerais) usadas na constante reconstrução dos tecidos, não interrompe o processo de destruição natural das células que estão sendo substituídas constantemente. Assim o corpo do alcoólatra começa a se consumir. Esse processo leva a desnutrição.
15- TESTES NEUROPSICOLÓGICOS
Os pacientes alcoólatras confirmados ao se submeterem a testes de inteligência apresentam 45 a 70% normais. Contudo, esses mesmos ao fazerem testes mais específicos em determinadas áreas do funcionamento mental, como a capacidade de resolver problemas, pensamento abstrato, desempenho psicomotor, memória e capacidade de lidar com novidades, costumam apresentar problemas. Os testes normalmente representam atividades desempenhadas diariamente e não situações especiais ou raras. Este resultado mostra que os testes superficiais deixam passar comprometimentos significativos. Os testes neuropsicológicos são mais adequados e precisos na medição de capacidades mentais comprometidas pelo álcool. Tem sido observado também que no cérebro dos alcoólatras ocorrem modificações na estrutura apresentada nos exames de tomografia ou ressonância, além de comprometimento na vascularização e nos padrões elétricos. Como esses achados são recentes, não houve tempo para se estudar a relação entre essas alterações laboratoriais e os prejuízos psicológicos que eles representam.
16- EFEITOS DO ÁLCOOL SOBRE O CÉREBRO
Os resultados de exames pos-mortem (necropsia) mostram que pacientes com história de consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo. Esses achados continuam sendo confirmados pelos exames de imagem como a tomografia, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de fótons. O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato já inquestionavelmente confirmado. A parte do cérebro mais afetada costumam ser o córtex pré-frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o raciocínio, capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos estudos que investigam as imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de álcool consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano. Depois do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool: as áreas envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável pela coordenação motora.
17- O PROCESSO METABÓLICO DO ÁLCOOL
Quando o álcool é consumido passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino caindo na corrente sanguínea. Ao passar pelo fígado começa a ser metabolizado, ou seja, a ser transformado em substâncias diferentes do álcool e que não possuem os seus efeitos. A primeira substancia formada pelo álcool chama-se acetaldeído, que é depois convertido em acetado por outras enzimas, essas substâncias assim com o álcool excedente são eliminados pelos rins; as que eventualmente voltam ao fígado acabam sendo transformadas em água e gás carbônico expelido pelos pulmões. A passagem do intestino para o sangue se dá de acordo com a velocidade com que o álcool é ingerido, já o processo de degradação do álcool pelo fígado obedece a um ritmo fixo podendo ser ultrapassado pela quantidade consumida. Quando isso acontece temos a intoxicação pelo álcool, o estado de embriaguez. Isto significa que há muito álcool circulando e agindo sobre o sistema nervoso além dos outros órgãos. Como a quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo com uso contínuo de álcool acima das necessidades estará produzindo mais enzimas metabolizadoras do álcool, tornando-se assim mais "resistente" ao álcool. A presença de alimentos no intestino lentifica a absorção do álcool. Quanto mais gordura houver no intestino mais lenta se tornará a absorção do álcool. Apesar do álcool ser altamente calórico (um grama de álcool tem 7,1 calorias; o açúcar tem 4,5), ele não fornece material estocável; assim a energia oferecida pelo álcool é utilizada enquanto ele circula ou é perdida. A famosa "barriga de chopp" é dada mais pelos aperitivos que acompanham a bebida.
18- CONSEQUÊNCIAS CORPORAIS DO ALCOOLISMO
À medida que o alcoolismo avança, as repercussões sobre o corpo se agravam. Os órgãos mais atingidos são: o cérebro, trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas hormonais. Como o álcool dissolve o mucus do trato digestivo, provoca irritação na camada externa de revestimento que pode acabar provocando sangramentos. A maioria dos casos de pancreatite aguda (75%) são provocados por alcoolismo. As afecções sobre o fígado podem ir de uma simples degeneração gordurosa à cirrose que é um processo irreversível e incompatível com a vida. O desenvolvimento de patologias cardíacas pode levar 10 anos por abusos de álcool e ao contrário da cirrose pode ser revertida com a interrupção do vício. Os alcoólatras tornam-se mais susceptíveis a infecções porque suas células de defesas são em menor número. O álcool interfere diretamente com a função sexual masculina, com infertilidade por atrofia das células produtoras de testosterona, e diminuição dos hormônios masculinos. O predomínio dos hormônios femininos nos alcoólatras do sexo masculino leva ao surgimento de características físicas femininas como o aumento da mama (ginecomastia). O álcool pode afetar o desejo sexual e levar a impotência por danos causados nos nervos ligados a ereção. Nas mulheres o álcool pode afetar a produção hormonal feminina, levando diminuição da menstruação, infertilidade e afetando as características sexuais femininas.
Trabalho pronto de biologia
Classe Aves:
São animais vertebrados e homeotérmicos, cuja a principal característica é a presença de penas. São bípedes, pela transformação dos membros anteriores em asas, o que lhes garante a capacidade de voar. Outras características que facilitam o vôo: sacos aéreos nos pulmões e ossos pneumáticos. Na bifurcação da traquéia existe a siringe, um órgão sonoro. O alimento é ingerido pelo bico córneo, a ausência de dentes é compensada pela presença de um estômago mecânico, a moela, além do estômago químico, proventríluco.
Evolução e Aves Fósseis:
Os restos fósseis das aves são mais raros do que os dos outros animais, pois elas possuem o esqueleto frágil e de difícil conservação.
Na cadeia da evolução, as aves provêm diretamente dos répteis, uma das hipóteses para o seu surgimento é:
Alguns répteis para sobreviverem, precisavam sair do chão, começaram então a subir em árvores, e com o decorrer dos anos, esses répteis foram sofrendo uma metamorfose, dando origem, então, as aves. Que a partir de então, se desenvolveram em uma desconcertante variedade de espécies, cada uma adequada ao seu meio ambiente. (elas evoluíram tanto que se ensinada chegam até mesmo a dar cambalhotas).
...Elas provêem possivelmente das aves-dinossauras, por enquanto, os dois grupos têm características semelhantes.
As primeiras aves surgiram há 150 ou 200 milhões de anos. A ave mais velha é a Archaeopterix V (possui dentes e garras nas assas), outras que possuem dentes são: Hesperornis V (maior das espécies aquáticas) e Ichtyornis V (menor espécie voadora, que muito se aproxima das aves atuais).
Do terciário (eoceno) em diante, as aves passaram a não mais possuírem dentes, apresentando estrutura e formas mais leves.
O Dyatryma, terrestre, do eoceno, tinha quase dois metros de altura, bico longo e assas atrofiadas, foi encontrado em Wyoming-EUA.
A mais antiga é a espécie Paleospiza belli, encontrada no Colorado.
Ordens das Aves:
Ordem Apterigiformes: quivi
Ordem Anseriformes: pato, ganso, cisne.
Ordem Apodiformes: beija-flor, andorinhão.
Ordem Caradriformes: gaivota.
Ordem Casuariformes: emos, casuar.
Ordem Ciconiformes: colheiro, garças, cegonha.
Ordem Columbiformes: pomba, rolinha.
Ordem Coraciformes: martim pescador.
Ordem Cuculiformes: cucu, anum.
Ordem Esfenisciformes: pingüim.
Ordem Estrutioniformes: avestruz.
Ordem Falconiformes: gavião.
Ordem Galiformes: galinha, pavão, faisão, peru.
Ordem Gruiformes: grou, saracura, seriema.
Ordem Passeriformes: canário, pardal.
Ordem Pelicaniformes: pelicanos.
Ordem Piciformes: tucano, pica-pau.
Ordem Procelariformes: albatrozes.
Ordem Reiformes: emas.
Ordem Tinamiformes: inambu, codorna.
Ordem Psitaciformes: papagaio, cacatua, arara, periquito.
Coluna Vertebral:
Compreende 4 regiões: cervical, dorso lombar, sagrada e caudal.
· Cervical: Mobilidade por apresentar selas nas duas faces, côncava na face que se articula com a face convexa de outra, denominada heterocelicas.
· Dorso Lombar: proporcionam sólido apoio aos músculos de vôo.
· Sagrada: em número de 9 a 16, sempre soldadas que se prolongam no sacro.
· Caudal: servem de apoio as penas da cauda.
Nas costelas bem desenvolvidas, na região dorsal, distinguem-se dois segmentos, esternale vertebral, que se articulam, são unidas umas as outras por uma apófise unicada ou recorrente, peculiar as aves.
O esterno é bem desenvolvido, estendendo-se até o abdome.
Apresenta no sentido do comprimento uma crista mediana desenvolvida, aquilha ou Carina, fator morfológico que permite dividir as aves em dois grupos: os paleognatas de esterno achatado, e os neognatas de esterno Carina.
O esterno proporcional sólido apoio para os músculos peitorais é sempre muito desenvolvido nas grandes aves voadoras.
A cintura escapular ou peitoral compreende três ossos pares:
· Omoplata: dorsal, delgada e recurvada, disposta paralelamente à coluna vertebral.
· Coracóide: este osso é mais espesso e articula-se com o esterno, por detrás da clavícula.
· Clavícula: são duas, que se unem na parte anterior e ventral do corpo, formando a fúrcula.
Na junção desses 3 osso encontra-se a cavidade glenóide.
A cintura pélvica é formada pelos ossos: púbis, ísquio e ílio, soldados entre si e com o sacro.
No ílio encontra-se a cavidade acetabular ou cotilóide, que se articula com o fêmur. O púbis não se solda permanecendo aberto na porção voltada para baixo.
Órgãos dos sentidos
Visão:
De todos os órgãos, o mais perfeito é o da visão, que é binocular, pois cada olho compete um campo visual diferente, com exceção dos estrigiformes.
Dispensando proteção ao globo ocular, existem três pálpebras; a mediana se chama nictitant; glândulas lacrimais pouco desenvolvidas e glândulas de Harder, cujo canal excretor se abre na base da membrana nictitant.
O globo ocular é alongado, lembrando um cone, com a base menor voltada para frente, e dotada de um grande poder de acomodação.
A córnea é muito convexa (arredondada para fora) e a esclerótica apresenta uma lamina circular óssea, em forma de anel, que envolve a córnea. Às vezes há um segundo anel que fortalece o ponto de entrada do nervo óptico.
A coróide apresenta um prolongamento no interior do humor vítreo, pente, formado por uma membrana vascularizada e pigmentada, que chega a alcançar a fase posterior do cristalino, e de função ainda não bem determinada.
A retina apresenta uma espécie de lâmina colorida de vermelho ou amarelo, no ponto de união dos segmentos externos com os internos dos cones. Em geral os cones predominam no globo ocular, havendo exceções para aves noturnas, em que os bastonetes são em maior numero.
Gustativo
Este sentido é pouco desenvolvido sendo os corpúsculos gustativos localizados na mucosa bucal e na língua. A ponta da língua é dotada apenas de sensibilidade tátil.
Olfato
É praticamente nulo, acredita-se que muitas aves não o têm. Em algumas espécies os lobos olfativos se põem em contato com as fossas nasais, as quais se abrem por narinas, na parte superior do bico e internamente apresentam três cornetos.
Tato
Localiza-se quase que exclusivamente no bico, nas proximidades da cloaca e das rêmiges.
Aparelho auditivo
Compõe-se de três partes:
· Ouvido Externo: apresenta curto condutor e externamente é revestido de penas.
· Ouvido Médio: compreende um tímpano, a colunela e a trompa de Eustáquio (as duas trompas de Eustáquio, na extremidade inferior, se unem em um só tubo que se abre na faringe).
· Ouvido Interno: Compreende utrícula, sácula, três canais semicirculares, e a lagena em forma de tubo recurvado, enrolado em algumas rapaces.
Aparelho digestivo
O tubo digestivo compreende porções bem distintas: boca, esôfago, estômago e intestino.
A boca é limitada pelo bico, desprovida de dentes, a língua em geral delgada, córnea e contrátil, podendo ser algumas vezes rudimentar e carnosa.
O esôfago é normalmente uniforme, ou apresenta uma dilatação, o papo.
O estômago compreende duas porções, o proventrículo, ventrículo sucenturiado ou ainda estômago glandular e a moela, estômago mecânico de paredes fortemente musculosas com uma espessa camada córnea.
O intestino delgado separa-se do estômago pelo piloro e prolonga-se pelo intestino grosso. Apresenta a partir do início vários cecos alongados, geralmente em número de dois. A última porção do intestino grosso abre-se na cloaca. Na parede dorsal do reto encontra-se a bolsa linfóide de Fabricus. Ocorrem órgãos anexos, como glândulas salivares, fígado e pâncreas.
As glândulas salivares são principalmente sublinguais e submaxilares e apresentam-se pouco desenvolvidas nas espécies aquáticas.
O fígado é volumoso e provido de dois a três lobos, com canais de escoamento da bílis, a vesícula biliar nem sempre existe.
O pâncreas aloja-se na alça duodental, em geral é bilobado e lança os produtos de secreção por dois ou três canais, na primeira porção do intestino delgado.
O regime alimentar das aves é muito diversificado, o que ocasiona inúmeras modificações na estrutura da moela e do papo, onde nas aves granívoras, a moela e o papo são muito desenvolvidos, e nas aves de rapina, que se alimentam de carne, esses órgãos se atrofiam ou podem falar.
Aparelho circulatório
Semelhante ao dos mamíferos, a circulação é dupla e completa.
O coração é formado por quatro cavidades, dois átrios e dois ventrículos, completamente separados, encerrados num pericárdio, formando duas circulações completamente independente.
A aorta localiza-se no ventrículo esquerdo, cuja croça curva-se para a direita, e ao ramificar-se, fornece sangue arterial (rico em oxigênio) a todo organismo.
O sangue venoso volta ao coração na aurícula direita, por três veias cavas, duas inferiores e uma superior. Há um sistema porta-hepático e outro renal.
O sangue pode ir diretamente do intestino ao coração, sem passar pelo fígado, por intermédio da veia de Jacobson, anastomose existente entre a veia porta do intestino e cada rim.
As aves de vôo curto possuem coração pequeno e nas de vôo longo o coração é muito desenvolvido, chegando à pulsações cardíacas de 120 por minuto.
Aparelho respiratório
Compreende os pulmões, que ocupam a oitava parte da capacidade torácica. Situam-se juntos à parede dorsal, na qual aderem fortemente.
A respiração é muito ativa, duas vezes mais que nos mamíferos.
Como a dilatação dos pulmões é limitada, ocorrem sacos aéreos, que favorecem a ventilação pulmonar e facilitam o vôo. Os sacos aéreos são em números de nove, sendo quatro pares: cervicais, diafragmáticos anteriores, diafragmáticos posteriores e abdominais, e um ímpar, o interclavicular.
Todos se comunicam com os ossos pneumáticos, com exceção dos diafragmáticos.
Com o movimento das assas há uma contração e um relaxamento dos músculos motores, e os sacos aéreos se contraem e se dilatam, determinando uma corrente de ar, de inspiração e expiração.
Na parte superior dos pulmões, encontra-se a traquéia, mais ou menos longa, que se burfica em dois brônquios. A primeira porção da traquéia forma a laringe superior, constituída de cartilagens, mais, desprovidas de cordas vocais e ventrículos, a glote tem forma de fenda, mas não há epiglote.
A traquéia coloca-se na parte anterior da coluna vertebral, e pode se curvar formando alças e é constituída de anéis cartilaginosos, moles, endurecidos ou ossificados. Na porção terminal da traquéia, no inicio dos brônquios, encontra-se a laringe inferior ou siringe, muito desenvolvida nos pássaros canoros, que é o órgão de formação dos mesmos, e tem estrutura complicada.
Aparelho urogenital
Compreende dois rins localizados na face interna do saco de onde partem os ureteres, que desembocam na cloaca.
Cada rim esta dividido em três lobos. Os machos apresentam dois testículos, situados próximos aos rins, provido de canais deferentes ou espermoductos e de vesículas seminais, ambos abrindo-se na cloaca. Nas fêmeas, o aparelho reprodutor é formado por um único ovário, em forma de cacho, localizado ao lado esquerdo, com vesículas, ovissaco, que encerram os óvulos.
Na maturação os óvulos caem na cavidade abdominal, passando para o oviduto assim dividido: Pavilhão ou trompa, tubo albuminíparo, onde se processa a elaboração da clara do ovo, e a câmara da casca, onde se forma a casca.
A fecundação se dá quando o macho abandona os espermatozóides na cloaca da fêmea, os quais através do oviduto, ao se encontrarem com os óvulos, os fecundam.
Sistema muscular
Dentre os músculos das aves, os mais desenvolvidos são os peitorais, que se inserem sobre a lâmina lateral, e sobre a Carina do esterno.
São eles que movimentam as asas durante o vôo.
Em seguida vem em importância, os músculos da coxa.
Quando os artelhos posteriores se flexionam contra o corpo, os músculos da coxa dobram-se automaticamente sem que haja esforço muscular.
Graças a tal disposição os rapaces predam a presa com facilidade.
Sistema nervoso
O cérebro e o cerebelo apresentam-se mais desenvolvidos do que as outras partes do encéfalo, que ocupa toda cavidade craniana. O cérebro compreende dois hemisférios lisos e um corpo caloso rudimentar.
Os corpos estriados são desenvolvidos e a epífise com as camas ópticas apresentam pequeno desenvolvimento.
Os lobos ópticos em número de dois são volumosos tubérculos bigêmeos.
O aqueduto de Silvius é maior que nos mamíferos e a ponte de Voroli encontra-se de uma simples faixa transversal.
A médula raquiana apresenta dois espessamentos como nos mamíferos, cervical e lombar.
Ao nível do espessamento lombar há uma dilatação chamada ventrículo ou seio romboidal.
O cérebro compreende um lobo médio maior e dois laterais, rudimentares. O lobo médio tem sulcos transversais, fundos, que representam uma árvore da vida em cote longitudinal, muito ramificada.
Incubação e Desenvolvimento
A fertilização é interna e o ovo precisa ser incubado, para que o embrião possa desenvolver-se. Em todas as espécies o casal, ou somente um dos pais, deita-se sobre os ovos oferecendo-lhes calor necessário (com exceção das aves parasitóides; e das Megápodes, que chocam no meio da folhagem).
Os pássaros constroem ninhos onde depõem os ovos. Cada espécie tem uma estação própria para reprodução, geralmente algumas semanas antes da primavera ou do verão.
A época da reprodução começa, na maioria das espécies, com os cantos e com os requebros (danças), do macho para a fêmea.,
Estabelecido o par, o macho se apropria do local onde o casal irá construir o ninho e abrigar a futura ninhada, passando a defender o local contra todas as outras aves. Esse local varia de acordo com a espécie, em tamanho, localização, formato, e etc.
Entre os pássaros em geral vigora a monogamia que pode durar toda a vida ou apenas uma estação da procriação.
Nas espécies monógamas os pais se encarregam da incubação e do cuidado da prole. Os filhotes das aves monógamas são em geral altrizes (Passeriformes, Columbiformes), e várias ninhadas sucedem-se em uma mesma estação.
Geralmente a incubação cabe à fêmea, e quando seu macho participa, o faz somente algumas horas do dia, quando a fêmea deixa o ninho à procura de alimento.
Durante o período de criação dos filhotes, o macho toma parte ativa não só no provimento alimentício como também na defesa dos mesmos.
A variação de incubação varia de espécie para espécie, com o tamanho do ovo e com o grau de desenvolvimento dos pôlos no momento da eclosão.
A incubação dos:
Passeriformes, têm a duração média de 12 dias.
Calumbiformes,18 dias.
Galináceos, 18-30 dias.
Cisne, 42 dias.
Avestruz,42-60 dias.
Patos, e grandes Falcões, 28 dias.
Ninhos:
Aves como gaivotas e os corvos-marinhos põe os ovos diretamente no solo, nas praias, outras porém os depositam nas depressões das rochas ou mesmo do chão, construindo um ninho sumário para a proteção dos ovos e dos filhotes, há ainda, as aves que nidificam nos rochedos e nas árvores.
O formato é extremamente variável desde o apanhado de gravetos, até o elaborado traçado de fibras vegetais, passando por todos os graus de aperfeiçoamento. Sendo de: palha, penas, musgos, raízes, barro e outros.
Ovos:
Os ovos são sempre volumosos, proporcionalmente os ovos de maior volume são postos pelas aves de menor tamanho.
Esta célula compreende internamente uma gema, na qual aparece um pequeno brancacento; cicatrícula, produzida pelo vitelo; as outras partes são matéria nutritiva.
Externamente o ovo é produzido por uma camada substância calcária, casca (por isso usamos casca de ovo triturada como fonte de cálcio), permeável crivada de poro em números e disposição variáveis.
A forma do ovo pode ser arredondada como a da avestruz ou alongada como no do casoar; isto depende da espécie que se procede.
A superfície do ovo pode ser lisa ou rugosa, brilhante ou opaca, transparente fosca ou granulosa. Apresenta-se colorida, azulada, amarelada, avermelhada, pardacenta, pintalgada ou marmoreada de preto, branco, verde, etc...
As aves que nidificam no litoral ou em locais descobertos põem ovos de casca colorida. Os ovos de uma mesma fêmea se diferem, quando ao peso, formato e colorido.
Através do ovo é possível determinar a espécie, existindo uma sistemática para o ovo, processo chamado de oologia.
O números de ovos depositado em um só ninho é muito variável, sendo menor nas espécies que vivem em segurança, e maior em espécies que colocam seus ovos no chão ou desprotegidos, expostos à perigos.
Muitas aves marinhas, como o corvo-marinho, o pingüim, e a alça, colocam um só. Os grandes rapaces, alguns galináceos, como os argos, os pombos, e os beija-flores, colocam apenas dois. A maioria dos Passeriformes colocam de cinco a seis. Os palmípedes de água doce, a maioria dos galináceos, e o avestruz, colocam de sete a oito. E a ema coloca de trinta a quarenta.
Asas ou membros anteriores:
Compreendem os braços, antebraços e as “mãos”.
No braço só se encontra o úmero, no antebraço o cúbito e o rádio, e nas “mãos” os dois ossos do corpo e os três metacarpianos. O primeiro e os terceiros ossos metacarpianos, dedos da asa, são soldados em uma só faringe, e o médio em duas.
Patas ou membros posteriores:
Em números de duas, compreendem três segmentos: coxa, pena e pé.
A coxa é formada pelo (osso fêmur), é a parte superior, situada na maior porção, no interior do tronco.
A perna compreende a tíbia, muito desenvolvida, e perônio ou fíbula, longo e muito delgado, é geralmente recoberta de penas.
E os tarso, revestimento de peças córneas, podotecas, os ossos do tarso são distintos apenas no embrião, soldando-se mais tarde, a porção proximal com tíbula e a distal com os metacarpianos, para formarem o cônon ou tarsometatarso ou ainda o osso intercalar.
Penas:
A pena tem origem em uma camada córnea da epiderme, que apresenta sobre as papilas dérmicas. Comumente nasce uma pena para cada papila, podendo no entanto surgir duas penas sobre uma mesma papila.
Na constituição da pena distingue-se uma parte axial mais resistente, escapo dividido em cálamo, porção basilar oca, e raque, parte cheia do eixo principal.
Segundo as estruturas das penas são classificadas em três tipos:
· Penas
· Plumas
· Plúmulas
Pele ou tegumento:
A pele das aves é em geral delgada devido ao pequeno desenvolvimento do derma e da camada córnea.
No entanto, os membros posteriores são recobertos de placas córneas e escamas e os dedos terminam em unhas.
A pele não apresenta o fenômeno da muda, renovando-se gradativamente como a dos mamíferos.
As aves não possuem glândulas sebáceas.
Glândulas cutâneas:
Elas pôr sua vez se encontram localizadas no condutor auditivo externo e no uropígio, a glândula uropigiana, que se localiza sobre as ultimas vértebras coccigianas, sobre a raiz da cauda e compreende dois lobos.
Cabeça:
É relativamente pequena, com grandes órbitas (capacidade óssea onde estão alojado os olhos), terminando em bico.
Articula-se com a coluna vertebral por um côndilo.
A cabeça é formada por:
· Bico, formado pelo alongamento dos maxilares dos;
· Fronte, localizada atrás e acima da base do bico;
· Vértex ou Cacúmen, ao alto da cabeça;
· Occipital, parte posterior;
· Loro, porção entre a base do bico e os olhos;
· Região Periocular ou oftálmica, ao redor dos olhos;
· Região Auricular, ao redor do ouvido.
Bico:
É formado pôr duas mandíbulas córneas.
A linha dorsal da medula superior chama-se, cúmen, a ventral da mandíbula inferior chama-se, gônis, e as margens cortantes, tomias.
Na base do bico acima da mandíbula superior, pode existir um revestimento colorido, cêra ou ceroma, comum nos rapaces.
O bico apresenta formatos diversos, recebendo então, as determinações:
· Acutirrostro, pequeno e muito comprido;
· Cultirrostro, longo pontudo em forma de punhal;
· Dentrirrosto, provido de dois dentes na mandíbula superior;
· Fissirrostro, fendido, curto e reto;
· Longirrosto, muito longo, e mole;
· Tenuirrostro, fino e longo;
· Lamelirrosto, com laminas transversais;
Alimentação:
De metabolismo muito ativo, as aves precisam de alimentos concentrados e de elevado teor energético, pois de modo contrário deperecem. As aves comem os alimentos mais variados, por exemplo, codorniz é herbívora, outras aves porém já são granívoras, outras insetívoras havendo uma multiplicidade de combinações entre estes três tipos, como por exemplo:
As aves marinhas e pescadoras se alimentam de peixes e crustáceos.
As garças, se alimentam de pequenos anfíbios, moluscos, insetos, carrapatos, etc.
Os gaviões, se alimentam de pequenos mamíferos, répteis e até mesmo de outras aves.
Os abutres e corvos, se alimentam de carnes putrefatas (carniças).
O beija-flor, de néctar e insetos.
O chupa-seiva, da seiva das árvores e de insetos.
Outras como o pintarroxo, alteram o regime alimentar, nutrindo-se de grãos no inverno, e de insetos no verão e as aves carnívoras chegam a se devorarem quando lhes faltam alimento.
Vôo:
A constituição anatômica e morfológica de uma ave está disposta em função do vôo:
· Esqueleto leve (provido de sacos aéreos)
· Amplas asas (que quando abertas oferecem superfície vasta e resistente).
· Asas acionadas por potentes músculos
Os pássaros de tamanho médio e pequeno, batem constantemente as asas para manter o equilíbrio. Enquanto que nas grandes aves, devido ao fato de a superfície da asa ser muito grande , lhes permitem planar no espaço, em amplas curvas, aproveitando-se das correntes aéreas.
Existem aves em que a locomoção terrestre(mais ou menos) se equivale à aérea. As andorinhas porém, vivem exclusivamente no ar, suas pernas curtas e asas grandes, não facilitam seu deslocamento em terra firme. Já as perdizes, codornas e inambus é raro vê-las voar pois vivem quase exclusivamente em terra firme.
As emas estão definitivamente impossibilitadas de voar, por terem as asas atrofiadas, que desaparecem ou são muito rudimentares. Há ainda o caso das aves que não voam como por exemplo os pingüins.
Canto:
Algumas espécies são mudas; outras apenas piam, repetindo sempre a mesma nota, outras são canoras.
Espécies de algumas famílias acompanham o canto de movimentos variados, requebros e acrobacias.
O canto das aves tem significações diversas, e serve para:
· Reunir as espécies gregárias
· Reunir os casais
· Advertir de algum perigo
· Chamar os filhotes que se distanciaram, para junto dos pais
· Indicar o local mais apropriado para a construção do ninho
Algumas cantam durante todo o ano, outras apenas na época de reprodução.
Temperatura:
De todos os seres vivos são as aves que apresentam temperatura mais elevada, cuja média fica em torno de 40,5°c a 43°c.
Normalmente é mais elevada nas fêmeas, porém quando o macho se encarrega da incubação ele é quem apresenta temperatura mais elevada.
Migração:
Este fenômeno está diretamente ligado à reprodução e é de vital importância na vida da ave. Todas as espécies que emigram, são Euritermas.
Nas aves se contrapõe dois instintos, o sedentário e o errático. Mas mesmo entre as sedentárias, se verificam deslocamentos para regiões distintas do meio natural em que vivem. A migração se dá por, procura de alimentos, fuga de predadores, mudança de clima.
Todas as aves, em forma de bando migratório, se dispõem em forma de cunha, para vencerem com mais facilidade a resistência do ar. As que se localizam na periferia se alternam com as que voam no centro do bando.
Os movimentos de migração processam-se sempre seguindo determinadas rotas, sendo as aves guiadas pelo instinto e pela reações do sistema nervoso, que se aperfeiçoaram durante gerações.
Comportamento Associativo:
As aves são por instinto sedentárias ou gregárias (vivem em grupos).
Algumas são gregárias toda vida, como as aves marinhas que vivem em colônias.
Outras se associam unicamente durante a época de reprodução.
Em algumas espécies os filhotes não se afastam dos pais formando assim, grandes bandos.
Em quanto em outras se separam do bando, unicamente no período de reprodução.
Todos esses fenômenos são condicionados pela secreção de glândulas internas, que é acompanhada de maior, ou menor excitação, ou de repouso das glândulas de reprodução.
Faunística:
As aves se encontram em todas as regiões do globo. Desde as terras Árticas até as Antárticas e em todos os mares. Cada uma com seu meio de vida, melodia e beleza.
Das 23 mil espécies existentes em todo o mundo, no mínimo 200 estão em extinção.
O Brasil abriga 1.504 espécies, com 2.294 formas diferentes. Deste total 725 são monotípicas e 779 politípicas.
Conclusão
Concluímos que as aves tem grande habilidade para sobreviver, inclusive no frio, e que são encontradas vários tipos de lugares porque tëm facilidade de adaptação devido as suas penas, exibindo grandes diversidades de hábitos alimentares e uma grande classificação dividida em vários grupos. São bípedes e ovíparos, tem respiração pulmonar e circulação dupla e membros anteriores transformados em asas.
Bibliografia
Sites:
www. avesbr.kit.net
www.abcanimais.com.br
Livros:
Ensino Médio (módulo vermelho)
Ciências da Saúde
Autoria: Kellen
Trabalho pronto biografias
Adam Smith nasceu em Kirkcaldy, Escócia em 5 de Junho de 1723 e morreu em 17 de Julho 1790. Economistainglês, estudou em Glasgow e Oxford, onde se dedicou aos estudos de ciências políticas e lingüísticas. Em 1751 foi nomeado professor de lógica em Glasgow.
Afirmava uma série de idéias fisiocraticas: dizia que a política mercantilista impedia o crescimento econômico das nações e devia ser suprimida. Que cada nação tinha que dedicar-se a um tipo de atividade econômica. Tais idéias agradavam extremamente à burguesia inglesa, que desejava estabelecer o comércio livre, derrubando, as tarifas alfandegárias e especializar-se na indústria, tornando a Inglaterra na "oficina do mundo".
Para Adam, existem três classes fundamentais da sociedade capitalista: o operariado, os capitalistas e os proprietários de terras. Salienta que, na sociedade capitalista, existe comunidade de interesses, uma vez que os benefícios comuns resultam sobretudo do choque de interesses das diversas classes sociais. Por isso defendia a livre concorrência.
Trabalho pronto de Português
1. Linguagem
Observe a fala do vendedor:
“Quem sabe o senhor desenha para nós?”
Se o comprador soubesse desenhar, o problema estaria resolvido facilmente. Ele poderia lançar na mão de um outro meio de expressão que não fosse a fala.
O homem dispõe de vários recursos para se expressar e se comunicar. Esses recursos podem utilizar sinais de diferente natureza.
Tais sinais admitem a seguinte classificação:
a) Verbais;
b) Não-Verbais;
Quando esses sinais se organizam formando um sistema, eles passam a constituir uma linguagem.
Observe:
Incêndio destruiu o Edifício Z.
Para expressar o mesmo fato, foram utilizadas duas linguagens diferentes:
a) Linguagem Não-Verbal- Qualquer código que não utiliza palavra;
b) Linguagem Verbal- Código que utiliza a palavra falada ou escrita;
Linguagem é todo sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação entre os indivíduos.
Quando se fala em texto ou linguagem, normalmente se pensa em texto e linguagem verbais, ou seja, naquela capacidade humana ligada ao pensamento que se concretiza numa determinada língua e se manifesta por palavras (verbum, em latim).
Mas, além dessa, há outras formas de linguagem, como a pintura, a mímica, a dança, a música e outras mais. Com efeito, por meio dessas atividades, o homem também representa o mundo, exprime seu pensamento, comunica-se e influencia os outros. Tanto a linguagem verbal quanto à linguagem não-verbal expressam sentidos e, para isso, utilizam-se de signos, com a diferença de que, na primeira, os signos são constituídos dos sons da língua (por exemplo, mesa, fada, árvore), ao passo que nas outras exploram-se outros signos,como as formas, a cor, os gestos, os sons musicais, etc.
Em todos os tipos de linguagem, os signos são combinados entre si, de acordo com certas leis, obedecendo a mecanismos de organização.
Semelhanças e Diferenças
Uma diferença muito nítida vai encontrar no fato de que a linguagem verbal é linear. Isto quer dizer que seus signos e os sons que a constituem não se superpõem, mas se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Em outras palavras, cada signo e cada som são usados num momento distinto do outro. Essa característica pode ser observada em qualquer tipo de enunciado lingüístico. Na linguagem não-verbal, ao contrário, vários signos podem ocorrer simultaneamente. Se na linguagem verbal, é impossível conceber uma palavra encavalada em outra, na pintura, por exemplo, várias figuras ocorrem simultaneamente. Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata a totalidade de seus elementos e, depois, por um processo analítico, podemos ir decompondo essa totalidade.
O texto não-verbal pode em princípio, ser considerado dominantemente descritivo, pois representa uma realidade singular e concreta, num ponto estático do tempo. Uma foto, por exemplo, de um homem de capa preta e chapéu, com a mão na maçaneta de uma porta é descritiva, pois capta um estado isolado e não uma transformação de estado, típica da narrativa.
Mas podemos organizar uma seqüência de fotos em progressão narrativa, por exemplo, assim:
a) foto de um homem com a mão na maçaneta da porta;
b) foto da porta semi-aberta com o mesmo homem espreitando o interior de um aposento;
c) foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero;
Como nessa seqüência se relata uma transformação de estados que se sucedem progressivamente, configura-se a narração e não a descrição. Essa disposição de imagens em progressão constitui recurso básico das histórias em quadrinhos, fotonovelas, cinema etc.
Sobretudo com relação a fotografia, ao cinema ou a televisão, pode-se pensar que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não é verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos expedientes para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc.
A estatura do indivíduo pode ser alterada pelo ângulo de tomada da câmera, um ovo pode virar uma esfera, um rosto iluminado pode passar a impressão de alegria, o mesmo rosto, sombrio, pode dar impressão de tristeza. Mesmo o texto não-verbal, recria e transforma a realidade segundo a concepção de quem o produz. Nele, há uma simulação de realidade, que cria um efeito de verdade.
Os textos verbais podem ser figurativos (aqueles que reproduzem elementos concretos, produzindo um efeito de realidade) e não-figurativos (aqueles que exploram temas abstratos). Também os textos não-verbais podem ser dominantemente figurativos (as fotos, a escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso, não pretendem sumular elementos do mundo real (pintura abstrata com oposições de cores, luz e sombra; esculturas modernas com seus jogos de formas e volumes).
1.2 Comunicação – Os processos da comunicação;
Teoria da comunicação;
O esquema da comunicação
Existem vários tipos de comunicação: as pessoas podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, por e-mails, internet, etc.; uma empresa, uma administração, até mesmo um Estado podem comunicar-se com seus membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televisionadas, e-mails, etc.
Toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem, e se constitui por um certo número de elementos, indicados no esquema abaixo:
Esses elementos serão explicados a seguir:
Os elementos da comunicação
a) O emissor ou destinador é o que emite a mensagem; pode ser um indivíduo ou um grupo (firma, organismo de difusão, etc.)
b) O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um indivíduo, um grupo, ou mesmo um animal ou uma máquina (computador). Em todos estes casos, a comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver uma incidência observável sobre o comportamento do destinatário (o que não significa necessariamente que a mensagem tenha sido compreendida: é preciso distinguir cuidadosamente recepção de compreensão).
c) A mensagem é o objeto da comunicação; ela é constituída pelo conteúdo das informações transmitidas.
d) O canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. Ele pode ser definido, de maneira geral, pelos meios técnicos aos quais o destinador tem acesso, a fim de assegurar o encaminhamento de sua mensagem para o destinatário:
Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido...
Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina...
De acordo com o canal de comunicação utilizado, pode-se empreender uma primeira classificação das mensagens:
_as mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversas;
_as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc;
_as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo;
_as mensagens gustativas: tempero quente (apimentado) ou não...
Observação: um choque, um aperto de mão, um perfume só constituem mensagens se veicularem, por vontade do destinador, uma ou várias informações dirigidas a um destinatário.
A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível não é suficiente para que um destinatário desatento a receba.
e) O código é um conjunto de signos e regras de combinação destes signos; o destinador lança mão dele para elaborar sua mensagem (esta é a operação de codificação). O destinatário identificará este sistema de signos (operação de decodificação) se seu repertório for comum ao do emissor for comum ao do emissor. Este processo pode se realizar de várias maneiras (representaremos por dois círculos os repertórios de signos do emissor e do receptor):
1º Caso:
A comunicação não se realizou; a mensagem é recebida, mas não compreendida: o emissor e o receptor não possuem nenhum signo em comum.
Exemplos: mensagem cifrada recebida por um receptor que ignora o código utilizado; neste caso, poderá haver uma operação de decodificação, mas ela será longa e incerta;
Conversa (?) entre um brasileiro e um alemão, em que um não fala a língua do outro.
A comunicação é restrita; são poucos os signos em comum.
Exemplo: Conversa entre um inglês eu um estudante brasileiro de 1º grau que estuda inglês há um ano.
A comunicação é mais ampla; entretanto, a inteligibilidade dos signos não é total: certos
elementos da mensagem proveniente de E não serão compreendidos por R.
Exemplo: um curso de alto ministrado a alunos não preparados para recebe-lo.
A comunicação é perfeita: todos os signos emitidos por E são compreendidos por R
(o inverso não é verdadeiro, mas estamosconsiderando um caso de uma comunicação
unidirecional: ver mais abaixo.)
Não basta, no entanto, que o código seja comum para que se realize uma comunicação perfeita; por exemplo, dois brasileiros não possuem necessariamente a mesma riqueza de vocabulário, nem o mesmo domínio sintaxe.
Finalmente, deve ser observado que certos tipos de comunicação podem recorrer simultaneamente à utilização de vários canais de comunicação e de vários códigos (exemplo: o cinema).
f) O referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem remete.
Há dois tipos de referentes:
Referente situacional: constituído pelos elementos da situação do emissor e do receptor e pelas circunstâncias de transmissão da mensagem.
Assim é que quando uma professora dá a seguinte ordem à seus alunos: “coloquem o lápis sobre a carteira”, sua mensagem remete a uma situação espacial, temporal e a objetos reais.
Referente textual: constituído pelos elementos do contexto lingüístico. Assim, num romance, todos os referentes são textuais, pois o destinador (o romancista) não faz alusão
salvo raras exceções - à sua situação no momento da produção (da escrita) do romance, nem a do destinatário (seu futuro leitor). Os elementos de sua mensagem remetem a outros elementos do romance, definidos no seu próprio interior.
Da mesma forma, comentando sobre nossas recentes férias na praia, num bate-papo com os amigos, não remetemos, com a palavra”praia” ou com a palavra “areia”, as realidades presentes no momento da comunicação.
Tipos de comunicação
Comunicação unilateral é estabelecida de um emissor para um receptor, sem reciprocidade. Por exemplo, um professor, um professor durante uma aula expositiva, um aparelho de televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber resposta.
Comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alternam seus papéis. É o que acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há intercâmbio de mensagens.
2. Níveis de Linguagem
Texto: Aí, Galera
“Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo ‘estereotipação’? E, no entanto, por que não?
_Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
_Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.
_Como é?
_Aí, galera.
_Quais são as instruções do técnico?
_Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo, com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos na desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversãoinesperada do fluxo da ação.
_Ahn?
_É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça.
_Certo. Você quis dizer mais alguma coisa?
_Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal,
talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado
por razões, inclusive, genéticas?
_Pode.
_Uma saudação para a minha progenitora.
_Como é?
_Alô, mamãe!
_Estou vendo que você é um, um...
_Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
_Estereoquê?
_Um chato?
_Isso.”
(Luis Fernando Veríssimo)
A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em Portugal, no ano de 1536. Reflexo do momento histórico - a Europa vivia o auge do movimento renascentista -, apresentava um conceito clássico de gramática: “a arte de falar e escrever corretamente”. Em outras palavras: só falava e escrevia bem quem seguisse o padrão imposto pela gramática normativa, o chamado nível ou padrão formal culto. Quem fugisse desse padrão incorria em erro, não importando o que, para quem e para que se estava falando. Qualquer que fosse o interlocutor, o assunto, a situação, a intenção do falante, era o padrão formal culto que deveria ser seguido.
Hoje, entende-se que o uso que cada indivíduo faz da língua depende de várias circunstâncias: do que vai ser falado e de que forma, do contexto, do nível social e cultural de quem fala e de para quem se está falando. Isso significa que a linguagem do texto deve ser adequada à situação, ao interlocutor e a intencionalidade do falante.
Voltemos ao texto acima (Aí, galera). As falas do jogador de futebol são inadequadas ao contexto: a seleção vocabular, a combinação das palavras, a estrutura sintática e a frase extensa (releia, por exemplo, a terceira resposta do jogador, num único longo período) fogem da situação a que a fala está relacionada, ou seja, uma entrevista dada ainda no campo de jogo durante um programa esportivo. E o mais curioso é que o jogador tem nítida consciência de qual é a função da linguagem e de qual é o seu papel como falante, tanto que, ante a surpresa do entrevistador, passa do padrão formal culto para o padrão coloquial, mais adequado àquela situação:
“_Uma saudação para a minha progenitora.”
Tradução, em linguagem coloquial: “_Alô, mamãe!”
Assim, podemos reconhecer em uma mesma comunidade que utiliza um único código – a língua portuguesa, por exemplo – vários níveis e formas de expressão.
Padrão Formal Culto e Padrão Coloquial
De maneira geral, podemos distinguir o padrão coloquial do padrão formal culto.
Padrão Formal Culto – é a modalidade de linguagem que deve ser utilizada em situações que exigem maior formalidade , sempre tendo em conta o contexto e o interlocutor. Caracteriza-se pela seleção e combinação das palavras, pela adequação a um conjunto de normas, entre elas, a concordância, a regência, a pontuação, o emprego correto das palavras quanto ao significado, a organização das orações e dos períodos, as relações entre termos, orações, períodos e parágrafos.
Padrão Coloquial – faz referência à utilização da linguagem em contextos informais, íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de expressão. Esse padrão mais informal também é encontrado em propagandas, programas de televisão ou de rádio, etc.
3. Funções da Linguagem
As funções da linguagem são seis:
a) Função referencial ou denotativa;
b) Função emotiva ou expressiva;
c) Função Fática;
d) Função conativa ou apelativa;
e) Função metalingüística;
f) Função poética,
Leia os textos a seguir:
Texto A
A índia Everon, da tribo Caiabi, que deu a luz a três meninas, através de uma operação cesariana, vai ter alta depois de amanhã, após ter permanecido no Hospital Base de Brasília desde o dia 16 de março. No início, os índios da tribo foram contrários à idéia de Everon ir para o hospital mas hoje já aceitam o fato e muitos já foram visitá-la. Everon não falava uma palavra de Português até ser internada e as meninas serão chamadas de Luana, Uiara e Potiara.
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982
Texto B
Uma morena
Não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto – se tomada com cuidado, verto água limpa sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos, num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são magrinhos como eu, e tão morenos, que esboçados a sombra, mal se destacam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber, alem do chá, raramente admito um cálice de vinho branco, mas que seja seco para não esbrasear em excesso minha garganta em ardores...
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1982. p. 93
Texto C
_ Você acha justo que se comemore o Dia Internacional da mulher?
_ Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há séculos, certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já houve alguns avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu? Apesar disso, ainda hoje a situação da mulher continua desfavorável em relação à do homem, entende?
Texto D
Mulher, use o sabonete X.
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à
estrelas de cinema.
Texto E
Mulher. [Do lat. Muliere.] S. f. 1. Pessoa do sexo feminino após a puberdade.
[Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa.
Texto F
A mulher que passa
Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacia e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos, são poesia.
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
MORAIS, Vinícius de. A mulher que passa. In:____. Antologia poética. 4. ed. Rio de Janeiro, Ed. Do autor, 1960. p.90.
Todos os textos lidos, o tema é um só: mulher. No entanto, a maneira de cada autor varia. O que provoca essa diversificação é o objetivo de cada emissor, que organiza sua mensagem utilizando uma fala específica. Portanto, cada mensagem tem uma função predominante, de acordo com o objetivo do emissor.
A – Função Referencial ou denotativa
No texto A, a finalidade é apenas informar o receptor sobre um fato ocorrido. A linguagem é objetiva, não admitindo mais de uma interpretação. Quando isso acontece, predomina a função referencial ou denotativa da linguagem.
Função referencial ou denotativa é aquela que traduz objetivamente a realidade exterior ao emissor.
B – Função emotiva ou expressiva
No texto B, descrevem-se as sensações da mulher, que faz uma descrição subjetiva de si mesmo. Nesse caso, em que o emissor exterioriza seu estado psíquico, predomina a função emotiva da linguagem, também chamada de função expressiva.
Função emotiva ou expressiva é aquela que traduz opiniões e emoções do emissor.
C – Função Fática
No texto C, o emissor utiliza expressões que tentam prolongar o contato com o receptor, testando freqüentemente o canal
Neste caso, predomina a função fática da linguagem.
Função fática é aquela que tem por objetivo iniciar, prolongar ou encerrar o contato com o receptor.
D – Função conativa ou apelativa
A mensagem do primeiro texto contém um apelo que procura influir no comportamento do receptor. Messe caso , predomina a função conativa ou apelativa.
São características dessa função:
a) verbos no imperativo;
b) presença de vocativos;
c) pronomes de 2ª pessoa.
Função conativa ou apelativa é aquela que tem por objetivo influir no comportamento do receptor, por meio de um apelo ou ordem.
E – Função metalingüística
O texto E, é a transição de um verbete de um dicionário.
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando o próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o próprio código ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalingüística da linguagem.
Função metalingüística é aquela que utiliza o código como assunto ou para explicar o próprio código.
F – Função Poética
A preocupação intencional do emissor com a mensagem, ao elabora-la, caracteriza a função poética da linguagem
Função poética é aquela que enfatiza a elaboração da mensagem, de modo a ressaltar seu significado.
É importante observar que nenhum texto apresenta apenas uma única função da linguagem. Uma função sempre predomina num texto, mas nunca é exclusiva.
4. Gêneros e Tipos textuais
Os gêneros textuais
Ao depararmos com um texto que se inicia com “Querido Fulano, escrevo...”, sabemos que se trata de um bilhete ou de uma carta de caráter pessoal. Se o texto se iniciar com “Prezados Senhores, venho por meio...”, sabemos que se trata de uma correspondência formal. Se você colocar na situação de remetente, saberá como iniciar a carta, porque todos nós temos um modelo de carta na mente; isso é tão marcante que uma pessoa não alfabetizada tem interiorizado esse modelo e, se tiver de ditar uma carta para que o outro escreva, saberá o que precisa ser dito e como deve ser dito. O filme Central do Brasil, em que uma professora aposentada vive de escrever cartas ditadas por pessoas não alfabetizadas, exemplifica muito bem essa situação.
Da mesma forma, se depararmos com um texto que se inicia com “Alô? quem fala?”, sabemos que se trata de uma conversa telefônica. O mesmo ocorre ao lermos uma bula de remédio, as instruções de uso de um produto qualquer, um horóscopo, um cardápio de restaurante, etc.
Como já vimos, os textos desempenham papel fundamental em nossa vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No processo comunicativo, os textos têm função e cada esfera de utilização de língua, cada campo de atividade, elabora determinados tipos de textos que são estáveis, ou seja, se repetem tanto no assunto, como na função, no estilo, na forma. É isso que nos permite reconheceram texto como carta, ou bula de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.
O que é falado, a maneira como é falado e a forma que é dada ao texto são características diretamente ligadas ao gênero. Como as situações de comunicação em nossa vida social são inúmeras, inúmeros são os gêneros textuais: bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia jornalística, editorial de jornais e revistas, horóscopo, receita culinária, texto didático, ata de reunião, cardápio, palestra, resenha crítica, bula de remédio, instruções de uso, e-mail, aula expositiva, piada, romance, conto, crônica, poesia, verbete de enciclopédias e dicionários, etc.
Identificar o gênero textual é um dos primeiros passos para uma competente leitura de texto. Pense numa situação bem corriqueira: um colega se aproxima e começa a contar algo que, em determinado momento, passa a soar esquisito, até que um dos ouvintes indaga “è piada ou você está falando sério?”. Observe que o interlocutor quer confirmar o gênero textual, uma vez que, dependendo do gênero, temos um ou outro entendimento.
Tipos Textuais
Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de seqüências com determinadas características lingüísticas, como classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, relações lógicas. Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos textuais.
Como já vimos, os gêneros textuais são inúmeros, dependendo da função de cada texto e das diferentes situações comunicacionais. O mesmo não acontece com os tipos textuais, que são poucos:
Texto narrativo: Narrar é discorrer dos fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto que relate episódios, acontecimentos.
“O fiscal da alfândega não podia entender por que aquela velhinha viajava tanto. A cada dois dias, vinha ela pilotando uma motocicleta e ultrapassava a fronteira. Fora interceptada inúmeras vezes, fiscalizada e nada. O fiscal alfandegário não se conformou com aquilo.
_Que traz a senhora aí?
_Nada não, senhor!
A cena que se repetia com tanta freqüência intrigava o pobre homem.
Não se conteve:
_Não é por nada, não; me faz um favor, dona: Não vou lhe multar, nem nada; é só por curiosidade, a senhora está contrabandeando o quê?
_Seu fiscal, o senhor já desmontou a moto e nada achou, que quer mais?
_Só pra saber, dona!
_Ta bem, eu conto: o contrabando é a moto, moço!”
Texto Descritivo: Descrever é traduzir com palavras aquilo que se viu e observou. É a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem.
“O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados”
(Carlos Drummond de Andrade)
Texto dissertativo: Dissertar é tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário, um tema abstrato, um assunto genérico. Ou seja, Dissertar é expor idéias em torno de um problema qualquer.
“Os meios de comunicação de massa devem alterar, nas próximas duas ou três décadas, uma boa parte da fisionomia do mundo civilizado e das relações entre os homens e povos.
Bons Estudos!
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