23 de fev. de 2012
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Arte no Egito Antigo
A civilização egípcia é uma das que mais exercem fascínio sobre os homens, grande parte associada a sua religiosidade, suas práticas de conservação de cadáveres e mumificação - até hoje não totalmente desvendadas - e suas construções grandiosas como as Pirâmides e a Esfinge.
Começou a formar-se há mais ou menos quatro mil anos antes de Cristo, nas proximidades do Rio Nilo. O rio, um verdadeiro oásis no deserto, foi essencial para a concentração de uma população mesclada entre mediterrâneos, asiáticos e africanos, que, principalmente a partir de 3300 a.C., tinham na agricultura e no pastoreio suas principais atividades, guiadas pelas cheias do Nilo. Juntamente com os povos Mesopotâmicos, os egípcios foram os primeiros a atingir o estado de civilização. Após a unificação do norte e sul, por volta de 3000 a.C., o Egito foi cada vez mais se desenvolvendo.
Nesse período inicial da história antiga do país - conhecido como período Pré-Dinástico - encontramos alguns aspectos da cultura e arte egípcia que acabariam por orientar as épocas subseqüentes. A escrita dava seus primeiros passos, bem como as técnicas sobre metais (em especial os mais moles como o ouro e o cobre), a tecelagem e a cerâmica. Já é dessa fase o hábito de se representar os governantes, como Narmer (provavelmente o rei que unificou os reinos do Norte e do Sul) em larga escala, em tamanho muito superior aos demais objetos representados - essa característica da representação egípcia permanece durante quase toda sua história.
Outras características importantes das representações humanas egípcias também já aparecem nessa época, como cabeças e pés vistos de perfil, com os olhos mostrados frontalmente e braços e pernas apresentados por inteiro. A respeito dessas representações contorcidas, extremamente conhecidas da arte egípcia, cabe fazer algumas observações. Elas eram realizadas, por exemplo, a partir dos ângulos que melhor representassem determinada parte do corpo. Assim, a cabeça, braços e pernas são mais facilmente vistos de lado, os pés, melhor vistos de dentro (preferiam o contorno partindo do dedão, o que muitas vezes dava a impressão de dois pés esquerdos). Os olhos, por sua vez, de frente são mais expressivos, bem como a metade superior do tronco, mais nítidas se observadas de frente. O “Retrato de Hesire“, esculpido numa porta de túmulo há cerca de dois mil e setecentos anos antes de Cristo é uma boa amostra dessas representações de figuras humanas.
A arte e a cultura egípcia, de uma maneira geral, era bastante conformista e tradicional. As mudanças não eram bem vistas e os padrões estéticos mantiveram-se praticamente sem alterações por praticamente três mil anos (com exceção da época de Akhenaton, que veremos a seguir). O “talento“ de um artista dependia menos de sua originalidade (não era esperado isso dele) do que do rigor com que reproduzia a arte do passado. O período da História egípcia, entre aproximadamente 2780 a.C. e 2200 a.C., é conhecido como Antigo Império ou Reino Antigo. São dessa época as primeiras construções de pirâmides, monumentos funerários extremamente elaborados, que são uma das marcas registradas do antigo Egito. Essas enormes construções geométricas de pesadas pedras, simbolizando profunda solidez e força, eram construídas para abrigarem, em seu centro, a múmia do faraó. Possuíam, além da própria câmara funerária (normalmente repleta de tesouros), várias câmaras “decoradas“ com imagens e fórmulas mágicas. Talvez as mais conhecidas pirâmides sejam as três construídas na quarta dinastia: a de Quéops, Quefren e Miquerinos, de Gizé, perto de Mênfis (então capital do Império).
Nesse período inicial da história antiga do país - conhecido como período Pré-Dinástico - encontramos alguns aspectos da cultura e arte egípcia que acabariam por orientar as épocas subseqüentes. A escrita dava seus primeiros passos, bem como as técnicas sobre metais (em especial os mais moles como o ouro e o cobre), a tecelagem e a cerâmica. Já é dessa fase o hábito de se representar os governantes, como Narmer (provavelmente o rei que unificou os reinos do Norte e do Sul) em larga escala, em tamanho muito superior aos demais objetos representados - essa característica da representação egípcia permanece durante quase toda sua história.
Outras características importantes das representações humanas egípcias também já aparecem nessa época, como cabeças e pés vistos de perfil, com os olhos mostrados frontalmente e braços e pernas apresentados por inteiro. A respeito dessas representações contorcidas, extremamente conhecidas da arte egípcia, cabe fazer algumas observações. Elas eram realizadas, por exemplo, a partir dos ângulos que melhor representassem determinada parte do corpo. Assim, a cabeça, braços e pernas são mais facilmente vistos de lado, os pés, melhor vistos de dentro (preferiam o contorno partindo do dedão, o que muitas vezes dava a impressão de dois pés esquerdos). Os olhos, por sua vez, de frente são mais expressivos, bem como a metade superior do tronco, mais nítidas se observadas de frente. O “Retrato de Hesire“, esculpido numa porta de túmulo há cerca de dois mil e setecentos anos antes de Cristo é uma boa amostra dessas representações de figuras humanas.
A arte e a cultura egípcia, de uma maneira geral, era bastante conformista e tradicional. As mudanças não eram bem vistas e os padrões estéticos mantiveram-se praticamente sem alterações por praticamente três mil anos (com exceção da época de Akhenaton, que veremos a seguir). O “talento“ de um artista dependia menos de sua originalidade (não era esperado isso dele) do que do rigor com que reproduzia a arte do passado. O período da História egípcia, entre aproximadamente 2780 a.C. e 2200 a.C., é conhecido como Antigo Império ou Reino Antigo. São dessa época as primeiras construções de pirâmides, monumentos funerários extremamente elaborados, que são uma das marcas registradas do antigo Egito. Essas enormes construções geométricas de pesadas pedras, simbolizando profunda solidez e força, eram construídas para abrigarem, em seu centro, a múmia do faraó. Possuíam, além da própria câmara funerária (normalmente repleta de tesouros), várias câmaras “decoradas“ com imagens e fórmulas mágicas. Talvez as mais conhecidas pirâmides sejam as três construídas na quarta dinastia: a de Quéops, Quefren e Miquerinos, de Gizé, perto de Mênfis (então capital do Império).
Pirâmides de Gizé: uma das 7 maravilhas do mundo é arte no Egito antigo.
A esfinge, com corpo de leão, cabeça e busto de mulher, com 19,8 metros de altura, também dessa época, já demonstra o gosto egípcio por esculturas em larga escala. Um exemplo mais típico de escultura do período é a enorme estátua do Rei Quefrem, na posição solene que seria outra marca registrada das representações de faraós do país: sentado, com ar de autoridade e poder e as mãos sobre o joelho.
A crença egípcia na vida após a morte, além de ter nos deixado as pirâmides, (e no casos dos mais abastados, que não eram faraós, as mastabas, ou túmulos de tijolos), ainda forneceu algumas representações de rostos com os aspectos essenciais da cabeça. Combinam uma rigidez geométrica ao naturalismo (não extremo), como demonstra um busto em rocha calcária encontrada num túmulo em Gizé e hoje no Museu Kunsthistorìsches, de Viena. A pedra calcária e a madeira eram os principais materiais com que as esculturas dessa época eram realizadas. As esculturas em relevo e as pinturas, principalmente decorando paredes de tumbas, também aparecem nesse período. Seus temas normalmente referiam-se à vida egípcia, como caçadas, pescas e o cultivo da terra, além de mostrar os animais característicos da região, revelando grande poder de observação. Um dado interessante nas pinturas era a extrema importância dada ao colorido.
A crença egípcia na vida após a morte, além de ter nos deixado as pirâmides, (e no casos dos mais abastados, que não eram faraós, as mastabas, ou túmulos de tijolos), ainda forneceu algumas representações de rostos com os aspectos essenciais da cabeça. Combinam uma rigidez geométrica ao naturalismo (não extremo), como demonstra um busto em rocha calcária encontrada num túmulo em Gizé e hoje no Museu Kunsthistorìsches, de Viena. A pedra calcária e a madeira eram os principais materiais com que as esculturas dessa época eram realizadas. As esculturas em relevo e as pinturas, principalmente decorando paredes de tumbas, também aparecem nesse período. Seus temas normalmente referiam-se à vida egípcia, como caçadas, pescas e o cultivo da terra, além de mostrar os animais característicos da região, revelando grande poder de observação. Um dado interessante nas pinturas era a extrema importância dada ao colorido.
Escultura Egípcia
Depois de um Período Intermediário, entre 2134 e 2065 a.C, após o enfraquecimento das dinastias do Antigo Império, começa o Médio Império, sob a liderança de Mentuhotep, tendo Tebas como a principal cidade. Estendeu-se de aproximadamente 2065 a.C. a 1785 a.C.. A arte, de uma maneira geral, manteve o estilo que se consolidou no Alto Império. Um exemplo da arte realizada nessa época pode ser dado pelas pinturas realizadas na parede do túmulo de Chnemhotep, cerca de mil e novecentos anos antes de Cristo, nas proximidades de Beni Hassan. Trata-se de um alto funcionário, sacerdote e amigo do Imperador, como se desprende pelos hieróglifos (escrita mais refinada egípcia, utilizada nos monumentos, com sinais da flora e fauna do país). Em tamanho maior que as outras representações da pintura, é mostrado do lado direito pescando, e do lado esquerdo, caçando aves perto de sua mulher, de sua concubina e de seu filho, em tamanhos menores. Chenemhotep novamente é representado em cima da porta, apanhando aves, agora com o auxílio de uma rede, utilizando-se de métodos de caçada egípcios. Num friso abaixo, pescadores puxam uma pescaria. A composição e a ordem aqui presentes são uma marca da pintura egípcia. Nessa época, o granito já é o material predominantemente utilizado nas esculturas. É ainda contemporâneo ao período os colossos de Memnon e Ipsambul e os templos talhados na própria rocha.
Hieróglifos
O Novo Império estendeu-se entre 1580 e 1200 a.C.. Iniciou-se após a expulsão dos hicsos (povos asiáticos que invadiram o país a partir do delta do Nilo, redividindo o Império entre 1785 e 1580 a.C.) e o restabelecimento da autoridade do faraó. Um dos principais acontecimentos desse período foi a revolução religiosa e cultural promovida por Amenófis IV. Ao invés dos vários deuses que sempre governaram a vida egípcia, tentou instituir o culto a um único deus: Aton, que deveria ser representado como um sol. Mudou seu nome para Akhenaton e transferiu a capital do Império de Tebas para El-Amarna. A arte dessa época, que até então mantinha-se fiel às tradições do passado, foi bastante modificada. Tornou-se menos pesada e mais descritiva. As representações dos faraós, que mantinham-se praticamente inalteradas desde o começo da história do país, agora eram realizadas de uma maneira menos formal e solene, em poses mais relaxadas. Cenas como o faraó passeando com a esposa pelos jardins ou pondo a filha no colo eram encomendadas pelo governante, chocando os austeros padrões egípcios. É famoso o retrato de Amenófis IV, realizado em relevo num calcário que o mostra como um homem feio, com ênfase no queixo e lábios, numa representação muito provavelmente pouco idealizada e talvez próxima à face real do Imperador. O busto “Rainha Nefertiti“ - esposa desse faraó que muito o ajudou na implementação da reforma religiosa - é outra famosa representação do período, com uma graça e fluidez jamais vista na arte egípcia. Após sua morte, o reinado de seu filho Tutancâmon logo restabeleceu as antigas crenças (os sacerdotes obrigaram a mudar seu nome para Tutancâmon). Apesar disso, o estilo artístico da época anterior prosseguiu durante seu reinado. Em seu túmulo, encontrado intacto em 1922, pode ser encontrada a talha dourada pintada no seu trono, em que ele é mostrado numa cena doméstica com sua esposa, de uma maneira relaxada e tendo acima de sua cabeça a representação do Sol.
Entretanto, esse período foi bastante atípico na arte do Egito antigo e logo após Tutancâmon voltaram os padrões tradicionais de arte, consagrados desde a época Pré-Dinástica e o Antigo Império. Após o reinado de Ramsés II (aproximadamente 1200 a.C.), o Egito entra cada vez mais em decadência. Esse soberano é conhecido por suas construções, em especial seu próprio templo mortuário talhado em pedra e guardado por quatro estátuas, representando sua figura, de 18,3 metros. Os persas, o exército de Alexandre Magno e posteriormente os romanos acabaram por dominar definitivamente o Egito, que nunca mais teve um período de apogeu tão grande quanto o verificado nessa época histórica.
Entretanto, esse período foi bastante atípico na arte do Egito antigo e logo após Tutancâmon voltaram os padrões tradicionais de arte, consagrados desde a época Pré-Dinástica e o Antigo Império. Após o reinado de Ramsés II (aproximadamente 1200 a.C.), o Egito entra cada vez mais em decadência. Esse soberano é conhecido por suas construções, em especial seu próprio templo mortuário talhado em pedra e guardado por quatro estátuas, representando sua figura, de 18,3 metros. Os persas, o exército de Alexandre Magno e posteriormente os romanos acabaram por dominar definitivamente o Egito, que nunca mais teve um período de apogeu tão grande quanto o verificado nessa época histórica.
Arte em Portugal
A peculiar posição geográfica na Península Ibérica, o clima marítimo unificando montanhas e planícies em micro-regiões, o papel dos rios, a presença dominante do oceano — uma encruzilhada entre o Mediterrâneo, o Atlântico, a Europa e a África — fizeram surgir focos de características próprias com as tribos celtas (Lusos) e sua "cultura castreja" ao Norte e colonos greco-púnicos a Sul.
A província da Lusitânia (sécs. II a.C. - V d.C.) unificou estes centros sob a sofisticada civilização romana, ao mesmo tempo em que assimilava as invasões bárbaras e a difusão cristã. Em vilas rurais (Alentejo) e portos de mar (Algarve, Tróia) têm-se encontrado pinturas, mosaicos e estatuária tardios de bom nível, provando que a continuidade prevaleceu sobre as convulsões da Baixa Antigüidade. Só com a constituição do reino portucalense independente, na primeira metade do século XII, podemos falar em uma "arte portuguesa" autônoma, diferenciada da galega.
Esta arte é encontrada, sobretudo, nas torres senhoriais em pedra (Vila da Feira), nos castelos templáriose nas centenas de matrizes e capelas rurais em estilo românico, de planta simples, cobertas de madeira, que enchem os campos repovoados do Norte (sécs. XII-XIII). O seu avanço acompanha o da Reconquista, impondo o ritual latino contra o moçárabe e proporcionando a ligação lusa ao mundo ocidental através das Sés de Lisboa, 1147, e de Coimbra, 1160, construídas pela mesma equipe de mestres franceses.
Assim é a estética cisterciense: despojada, em formas geométricas puras, será uma constante na sensibilidade nacional, servindo de ponte ao pleno gótico — do qual um bom exemplo é o claustro da Sé de Coimbra, construído em 1218 — que acaba por se estender a todo o território, mantendo a hegemonia durante 3 séculos. Pela centralização régia, o gótico ganha terreno na escultura — onde reintroduz a figura humana, desaparecida desde os romanos — com a estatuária devocional ( Escola de Coimbra, séc. XIV) e tumulária (Alcobaça). Renova a arquitetura com plantas mais complexas, abobadadas em ogiva, claustros elegantes e cabeceiras luminosas (S. Domingos de Elvas, 1270). Não é, porém, o gótico das grandes catedrais européias. Em Portugal há preferência pelas linhas horizontais, muros e alçados singelos, sem atingir o verticalismo europeu (novas Sés de Évora e Silves). É um "gótico mediterrânico", de estrutura simples e volumes lisos, que adquire cunho nacional no gótico mendicante dos Franciscanos e Dominicanos (Santarém), também presente na arquitetura civil e militar (torres de solares minhotos, muros de Óbidos, castelo de S. Jorge, em Lisboa).
O séc. XV, com a prosperidade dos descobrimentos, ensaia formas mais ricas, das fontes catalã e inglesa. OGótico Final se reflete nas artes suntuárias. Pela primeira vez, surge na pintura (Nuno Gonçalves) um sentido novo de luxo e modernidade em que o país se afirma como grande potência. A esta variedade de influências e paixão pelo real faltou, porém, unidade estilística. O primeiro esforço sincrético dá-se sob o reinado de D. Manuel l, o Venturoso (1495-1521), com o estilo manuelino, amálgama de elementos de raiz diversa: da alemã e mourisca até a oriental, unidos pela ideologia imperial e tom eufórico de uma época que se julgava predestinada a conquistar o mundo. Variante do gosto gótico tardio europeu — muito individualizado no tratamento das formas, nas cores contrastantes e estridentes, na simbologia heráldica ou religiosa (mas não marítima, como se tem pensado) — o manuelino cria efeitos hiperrealistas de alarde, prosperidade e exaltação da monarquia triunfante em obras únicas, autênticos manifestos (Mosteiro e Torre de Belém, 1501-14 e Janela de Tomar, 1510). Iguais temas ocorrem na literatura, pintura e escultura da época e, entre seus artistas, destaca-se o dramaturgo Gil Vicente, também ourives e desenhista.
O estilo manuelino foi o primeiro a ter uma difusão mundial, do México a Moçambique, da Índia à Málaga (estreito de Cingapura) — dos marfins da Guiné à porcelana da China. Coube a essa arte cortesã o mérito de unificar e propor um ideal estético nacional em tomo da figura do rei-messias, na passagem da Idade Média à Moderna. Extrovertida e de um otimismo quase naif, a época seguinte reagiu contra a carga excessiva de vitalidade e extravagância, refugiando-se na linguagem racional do Renascimento. Do dinamismo passou-se à estabilidade protagonizada por João III (1521-1557), do modelo flamengo à paixão pela Itália. Em 1525, o bispo Miguel da Silva — a quem Castiglione dedicou o Il Cortegiano — trazia de Roma um arquiteto particular, Francesco da Cremona, que faz a primeira obra clássica no claustro de Viseu, logo imitada por fidalgos cosmopolitas e reforçada pelos escultores franceses de Coimbra, entre eles, Chanterene e João de Ruão. Mas foi pela mão de João de Castilho que a encomenda régia aderiu ao novo estilo humanista (Conceição de Tomar, 1547), em obras ímpares fora da ltália.
É o momento em que o teórico Francisco de Holanda regressa de Roma (1538-1540), onde conviveu com Michelangelo, trazendo a pintura maneirista, o neoplatonismo e o serlianismo que atingem o ponto alto com Diogo de Torralva (claustro de Tomar, 1558). O impacto do Concílio de Trento, e o maior número de artistas estagiando na Itália com bolsas dadas pela Coroa, propiciam o avanço do Classicismo amadurecido, no dilema entre aderir às formas cultas trazidos pelos Habsburgos (Filipe Terzi, Baltasar Álvares, os pintores Venegas e Fernão Gomes) e os fiéis do gosto nacional, o "estilo chão" (Afonso Álvares, os últimos pintores maneiristas). Em um sentido de simples: estabeleceu-se o dilema entre a Europa e o Império. É curioso que este predomine no século XVII — em que a questão colonial foi avassaladora — e aquele retornasse, sob a forma do Barroco, mas já desfasado no tempo, no final do século e no seguinte. Se no Norte ainda foi possível o brilhante episódio de Nicolau Nasoni no Porto (torre dos Clérigos, 1737-1752), seguido de André Soares na talha arquitetônica minhota, em Lisboa, o tardo-barroco diluiu-se rapidamente entre um Rococó de influência franco-germânica (Queluz) e a tradição castiça nacional que, após o terremoto de 1755, renasce sob a forma do estilo pombalino, tendendo à rigidez do Neoclássico (Ajuda). Após o Romantismo (Sintra), o século XIX caracteriza-se pelo ecletismo sem unidade de gosto ou estilo, numa situação que faz lembrar o séc. XV e o neo-manuelino, o "estilo nacional" por excelência.
A fase contemporânea, reagindo contra esse nacionalismo, segue evolução paralela à européia, mas com forte pendor para um Realismo que perdura além do Modernismo (1905). Assiste-se, após 1950, a uma inesperada renovação artística, com a projeção de arquitetos e pintores de renome internacional.
Arte Moderna
Em oposição às formas clássicas, a arte moderna surgiu no final do século passado em forma de pintura e escultura.
Os impressionistas primeiros pintores modernos, geralmente escolhiam cenas de exteriores como temas para suas obras: paisagens, pessoas humildes, etc.
Objetivando romper com os padrões antigos, os artistas modernos buscam constantemente novas formas de expressão e, para isto, utilizam recursos como cores vivas, figuras deformadas, cubos e cenas sem lógica. O marco inicial do movimento modernista brasileiro foi a realização da SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, onde diversos artistas plásticos e escritores apresentaram ao público uma nova forma de expressão. Este evento ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo.
Não foi fácil para estes artistas serem aceitos pela crítica que já estava acostumada com padrões estéticos bem definidos, mas, aos poucos, suas exposições foram aumentando e o público passou a aceitar e entender as obras modernistas.
A arte moderna está exposta em muitos lugares, em São Paulo ela pode ser vista no Museu de Arte Moderna, nas Bienais e também em outras formas de exposições que buscam estimular esta forma de expressão.
Destacam-se como artistas modernistas no Brasil: Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo, Anita Malfatti, Lasar Segall, Tarsilla do Amaral e Ismael Nery.
Expressionismo
O primeiro movimento moderno começa na Alemanha, nos últimos anos do século XIX. Ganha mais consistência às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), expressando a angústia desse período. Forma-se a partir de dois grupos: Die Brücke (A ponte), de Dresden, e o Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul), de Munique. Os integrantes do primeiro grupo (Otto Muller, Kirschner, Emi Nolde, entre outros) eram agressivos e politizados; já os Cavaleiros Azuis (Kandinsky entre eles) tinham uma visão espiritualizada do universo, manifestando-se sobretudo através da cor. Suas obras mostram figuras em sofrimento, numa dor que contamina toda a tela por meio do uso do mesmo ritmo de pinceladas na execução de cada parte.
Fauvismo
Sob influência da pintura de Paul Gauguin, o fauvismo (de fauve, fera, em francês) surge em Paris em 1905, com Henri Matisse, Maurice Vlaminck, Raoul Dufy e André Derain. Com cores vivas, muitas vezes saídas diretamente dos tubos de tinta, e composições frenéticas, a pintura fauvista exalta o instinto em lugar da razão.
Henri Matisse (1869-1954), pintor e escultor francês. Nasce em Nice, estuda direito em Paris e começa a pintar só por volta de 1890. Seus primeiros trabalhos retratam interiores e naturezas-mortas; depois é influenciado pelos pós-impressionistas e adota o fauvismo. Sua teoria artística se reflete no título de obras como Luxo, calma e voluptuosidade e Alegria de viver. O equilíbrio sereno entre forma e fundo evolui em seu contato com a arte decorativa do Oriente Médio, que o leva a trabalhar em recortes e colagens. De 1949 a 1951, trabalha na decoração da Capela de Vence, no sul da França, em que sua arte atinge extremo grau de simplicidade.
Primitivismo
Com desenho ingênuo, deformações de perspectiva, temas alegres ou exóticos e repletos de detalhes engenhosos, o primitivismo contesta as regras de composição clássicas. Seus melhores representantes trazem um vigor inédito na pintura. Pintores como o autodidata Henri Rousseau (A encantadora de serpentes) o adotam integralmente; outros, como Picasso, Miró e Matisse fazem uso de parte de sua estética.
Cubismo
Em 1907, o espanhol Pablo Picasso pinta Les demoiselles d'Avignon (As senhoritas de Avignon). Como a Olympia, pintada por Manet cerca de 50 anos antes, revoluciona sua época e expõe uma mescla de desejo e insolência quase hostil. Essa agressividade perturbadora é atingida por Picasso com o uso da técnica simultaneísta, base do cubismo.
Simultaneísmo – O rosto das figuras exibe ao mesmo tempo o perfil e a frente – como nas máscaras africanas em que Picasso se inspirou – e o olhar delas ganha poderes hipnóticos. Com a disposição das figuras em planos – influenciado por Paul Cézanne –, mostra mais de um ângulo de visão. É como num cubo, do qual, vendo-se uma única face, vê-se o todo. Além de Picasso, o francês Georges Braque e o espanhol Juan Gris praticam o cubismo. O estilo acaba por se diferenciar em duas vertentes: o cubismo analítico, que decupa a figura em diversas partes, e o sintético, que se divide da figuração imediata. Com o cubismo, inaugura-se também o uso da colagem (estampas e objetos são colados à tela em vez de copiados) e de referências à comunicação de massa (pedaços de jornais e fotos são agregados à tela).
Pablo Picasso (1881-1973), pintor e escultor espanhol. Nasce em Málaga, estuda em Barcelona, mas é em Paris que desenvolve sua carreira. Prodigioso desde menino, estuda os velhos mestres e se apaixona pela pintura de Cézanne. Por volta de 1906, conhece a arte primitiva e passa a experimentar novos conceitos de figuração e perspectiva. Em 1907, pinta Les demoiselles d'Avignon, marco artístico do século. Nessa tela, já começa a desenvolver o estilo que depois seria batizado de cubismo. Depois de uma fase clássica (1919-1925), abandona a sintaxe cubista e experimenta diversas técnicas, em obras de grande poder inventivo. Em 1937 pinta a célebre Guernica, retratando os horrores da Guerra Civil Espanhola.
Futurismo
Fundado em 1909 pelo poeta italiano Filippo Marinetti, o futurismo celebra os signos do novo mundo: a velocidade, a comunicação de massa, a industrialização. Sua idéia é a de que a arte deve lidar com a realidade contextual de maneira radical, recriando-a em termos formais. Se o mundo atual é dinâmico e imediatista, cabe à arte sê-lo também. Os italianos Umberto Boccioni e Giacomo Balla e o francês Fernand Léger fazem arte futurista. Mais tarde, suas inovações quanto ao dinamismo da obra de arte levam à criação da arte cinética de Naum Gabo, Anton Pevsner, Laszlo Moholy-Nagi e outros, que usam a sucessão de linhas e planos paralelos para dar a idéia de movimento.
Dadaísmo
O inconformismo de cubistas e futuristas diante de um mundo em que a máquina pode produzir a beleza e o artesanato quase não existe é radicalizado pelo dadaísmo. Fundado em Zurique, em 1915, pelo poeta Tristan Tzara, defende a idéia de que qualquer combinação inusitada promove o efeito estético. Como crítica ao encerramento da arte em museus e galerias, o francês Marcel Duchamp, em 1912, coloca uma roda de bicicleta sobre um banquinho de madeira, inventando o ready-made (arte que subverte a utilidade de materiais existentes). Outros artistas dadaístas são Max Ernst e Francis Picabia.
Marcel Duchamp (1887-1968), artista francês. Nasceu em Paris. Sua obra inicial tem influência do cubismo, do futurismo e do surrealismo, mas abandona a pintura na década de 20. Em 1912, inventa o ready-made com Roda de bicicleta. Em 1917, manda um urinol invertido, batizado de Fonte, para uma exposição. Em seguida, se torna um dos líderes do movimento dadaísta. De 1946 a 1966 supostamente deixa a arte pelo xadrez, mas na verdade trabalha em Etant Donnés, uma obra tridimensional, com técnicas mistas, que é vista através de dois postigos num sobrado espanhol; a cena revelada é a de uma paisagem ensolarada, com cascata, e em primeiro plano uma mulher nua de pernas abertas.
Surrealismo
O surrealismo surge na França em 1924, liderado pelo poeta e crítico André Breton, sob influência das teorias de Sigmund Freud sobre o inconsciente e a sexualidade. Pintores como o espanhol Salvador Dalí, o russo Marc Chagall e os belgas René Magritte e Paul Delvaux buscam uma linguagem onírica, repleta de simbologia e da forma narrativa dos sonhos. Rompem o eixo tradicional do figurativismo: as figuras saem da vertical (um casal flutua), perdem a proporcionalidade (um homem pode ser maior que uma casa) e sofrem alterações inverossímeis (relógio derrete). Giorgio de Chirico, Carlo Carrà, Giorgio Morandi e Alberto Giacometti praticam o surrealismo na Itália; Yves Tanguy e Robert Delaunay, na França.
Abstracionismo
Em 1910, o pintor russo Vassily Kandinsky pinta a primeira obra abstrata – ou seja, em que não existe uma referência real, ou em que, se existe, essa referência é secundária. O que importa essencialmente são as formas e cores da composição. O abstracionismo pode ser dividido em informal ou geométrico. Alguns, como o holandês Piet Mondrian, o romeno Constantin Brancusi e o norte-americano Alexander Calder, não podem ser encaixados em nenhuma das duas vertentes, embora tendam mais para a segunda. Fazem um abstracionismo de princípios geométricos mas procuram sobretudo dar musicalidade às formas, que adquirem expressividade. Esta linha irá influenciar o minimalismo.
Abstracionismo informal – Defende as formas livres e busca o lirismo no ritmo estabelecido pelo jogo cromático e espacial. Kandinsky, Paul Klee, depois Nicholas de Staël e Richard Diebenkorn são alguns dos abstracionistas informais, que vão mais tarde influenciar o expressionismo abstrato.
Abstracionismo geométrico – As formas são obtidas mediante um sistema rigoroso – com base, por exemplo, em formas geométricas como quadrados, triângulos ou círculos – e não há a intenção de expressar algum sentimento ou idéia. Artistas como Kasimir Malevitch, os construtivistas russos (Rodchenko, Tatlin, Lissitsky) e os seguidores da escola alemã Bauhaus (os arquitetos Walter Gropius e Mies Van Der Rohe), que enfatiza a funcionalidade na nova arte, adotam os princípios desse abstracionismo, que mais tarde vai influenciar o concretismo.
Piet Mondrian (1872-1944), pintor holandês. Nasce e estuda pintura em Amsterdã. Pinta paisagens, passa ao cubismo e, a partir de 1912, abandona sua tendência expressiva e colorista. A relação de linhas e planos, como estruturação de áreas de cor, passa a ser sua única preocupação artística. Entre 1914 e 1917, faz a série Composições, em que abole a representação. A partir daí, aperfeiçoa crescentemente seu estilo: utiliza apenas cores primárias e quadriláteros. Em 1942 e 1943, faz a série Broadway Boogie-Woogie, em que dá ritmo e expressividade à sucessão de pequenos planos coloridos.
Expressionismo abstrato
Utilizando o nome inventado para descrever a obra de Kandinsky, o expressionismo abstrato predomina nos EUA, nos anos 40. Artistas como Jackson Pollock, Willem De Kooning e outros postulam uma pintura em que o essencial está na expressão da individualidade, da subjetividade do pintor. Para eles, essa manifestação só poderia ser exclusivamente individual se o autor o fizesse de maneira livre, gestual, sem projeto prévio. O francês Georges Mathieu (sob o nome de tachismo), o holandês Karel Appel e a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva fazem o mesmo. Nos anos 60, essa abstração gestual dará lugar à color-field painting (pintura de campos de cor), praticada nos EUA por Kenneth Noland, Barnett Newman, Frank Stella, Mark Rothko e Morris Louis. A color-field painting usa áreas geométricas extensas e monocromáticas que convidam, pela própria vibração e harmonia entre si, à contemplação do observador.
Concretismo
Nos anos 50 surge o concretismo. A expressão "arte concreta" já havia sido criada pelo holandês Theo Van Doesburg, em 1930. O movimento concretista surge, em 1955, na Escola Superior da Forma, em Ulm (Alemanha), baseado na teoria elaborada pelo suíço Max Bill. Os concretistas rejeitam a abstração e a expressividade, seja a lírica de um Kandinsky ou Mondrian, seja a religiosa de um Malevitch ou Rothko. Sua ambição é liquidar a sintaxe tradicional, que faz distinções entre forma e conteúdo, entre figura e fundo, entre sujeito e objeto, e estabelecer uma nova linguagem, que para eles é o design. Mais tarde, nos anos 60, essas idéias vão fazer surgir a op art (arte óptica), que busca estimular o observador por meio de efeitos ópticos que fazem alternar e confundir forma e fundo, colocando em questão o senso de profundidade.
Arte em Portugal
A peculiar posição geográfica na Península Ibérica, o clima marítimo unificando montanhas e planícies em micro-regiões, o papel dos rios, a presença dominante do oceano — uma encruzilhada entre o Mediterrâneo, o Atlântico, a Europa e a África — fizeram surgir focos de características próprias com as tribos celtas (Lusos) e sua "cultura castreja" ao Norte e colonos greco-púnicos a Sul.
A província da Lusitânia (sécs. II a.C. - V d.C.) unificou estes centros sob a sofisticada civilização romana, ao mesmo tempo em que assimilava as invasões bárbaras e a difusão cristã. Em vilas rurais (Alentejo) e portos de mar (Algarve, Tróia) têm-se encontrado pinturas, mosaicos e estatuária tardios de bom nível, provando que a continuidade prevaleceu sobre as convulsões da Baixa Antigüidade. Só com a constituição do reino portucalense independente, na primeira metade do século XII, podemos falar em uma "arte portuguesa" autônoma, diferenciada da galega.
Esta arte é encontrada, sobretudo, nas torres senhoriais em pedra (Vila da Feira), nos castelos templáriose nas centenas de matrizes e capelas rurais em estilo românico, de planta simples, cobertas de madeira, que enchem os campos repovoados do Norte (sécs. XII-XIII). O seu avanço acompanha o da Reconquista, impondo o ritual latino contra o moçárabe e proporcionando a ligação lusa ao mundo ocidental através das Sés de Lisboa, 1147, e de Coimbra, 1160, construídas pela mesma equipe de mestres franceses.
Assim é a estética cisterciense: despojada, em formas geométricas puras, será uma constante na sensibilidade nacional, servindo de ponte ao pleno gótico — do qual um bom exemplo é o claustro da Sé de Coimbra, construído em 1218 — que acaba por se estender a todo o território, mantendo a hegemonia durante 3 séculos. Pela centralização régia, o gótico ganha terreno na escultura — onde reintroduz a figura humana, desaparecida desde os romanos — com a estatuária devocional ( Escola de Coimbra, séc. XIV) e tumulária (Alcobaça). Renova a arquitetura com plantas mais complexas, abobadadas em ogiva, claustros elegantes e cabeceiras luminosas (S. Domingos de Elvas, 1270). Não é, porém, o gótico das grandes catedrais européias. Em Portugal há preferência pelas linhas horizontais, muros e alçados singelos, sem atingir o verticalismo europeu (novas Sés de Évora e Silves). É um "gótico mediterrânico", de estrutura simples e volumes lisos, que adquire cunho nacional no gótico mendicante dos Franciscanos e Dominicanos (Santarém), também presente na arquitetura civil e militar (torres de solares minhotos, muros de Óbidos, castelo de S. Jorge, em Lisboa).
O séc. XV, com a prosperidade dos descobrimentos, ensaia formas mais ricas, das fontes catalã e inglesa. OGótico Final se reflete nas artes suntuárias. Pela primeira vez, surge na pintura (Nuno Gonçalves) um sentido novo de luxo e modernidade em que o país se afirma como grande potência. A esta variedade de influências e paixão pelo real faltou, porém, unidade estilística. O primeiro esforço sincrético dá-se sob o reinado de D. Manuel l, o Venturoso (1495-1521), com o estilo manuelino, amálgama de elementos de raiz diversa: da alemã e mourisca até a oriental, unidos pela ideologia imperial e tom eufórico de uma época que se julgava predestinada a conquistar o mundo. Variante do gosto gótico tardio europeu — muito individualizado no tratamento das formas, nas cores contrastantes e estridentes, na simbologia heráldica ou religiosa (mas não marítima, como se tem pensado) — o manuelino cria efeitos hiperrealistas de alarde, prosperidade e exaltação da monarquia triunfante em obras únicas, autênticos manifestos (Mosteiro e Torre de Belém, 1501-14 e Janela de Tomar, 1510). Iguais temas ocorrem na literatura, pintura e escultura da época e, entre seus artistas, destaca-se o dramaturgo Gil Vicente, também ourives e desenhista.
O estilo manuelino foi o primeiro a ter uma difusão mundial, do México a Moçambique, da Índia à Málaga (estreito de Cingapura) — dos marfins da Guiné à porcelana da China. Coube a essa arte cortesã o mérito de unificar e propor um ideal estético nacional em tomo da figura do rei-messias, na passagem da Idade Média à Moderna. Extrovertida e de um otimismo quase naif, a época seguinte reagiu contra a carga excessiva de vitalidade e extravagância, refugiando-se na linguagem racional do Renascimento. Do dinamismo passou-se à estabilidade protagonizada por João III (1521-1557), do modelo flamengo à paixão pela Itália. Em 1525, o bispo Miguel da Silva — a quem Castiglione dedicou o Il Cortegiano — trazia de Roma um arquiteto particular, Francesco da Cremona, que faz a primeira obra clássica no claustro de Viseu, logo imitada por fidalgos cosmopolitas e reforçada pelos escultores franceses de Coimbra, entre eles, Chanterene e João de Ruão. Mas foi pela mão de João de Castilho que a encomenda régia aderiu ao novo estilo humanista (Conceição de Tomar, 1547), em obras ímpares fora da ltália.
É o momento em que o teórico Francisco de Holanda regressa de Roma (1538-1540), onde conviveu com Michelangelo, trazendo a pintura maneirista, o neoplatonismo e o serlianismo que atingem o ponto alto com Diogo de Torralva (claustro de Tomar, 1558). O impacto do Concílio de Trento, e o maior número de artistas estagiando na Itália com bolsas dadas pela Coroa, propiciam o avanço do Classicismo amadurecido, no dilema entre aderir às formas cultas trazidos pelos Habsburgos (Filipe Terzi, Baltasar Álvares, os pintores Venegas e Fernão Gomes) e os fiéis do gosto nacional, o "estilo chão" (Afonso Álvares, os últimos pintores maneiristas). Em um sentido de simples: estabeleceu-se o dilema entre a Europa e o Império. É curioso que este predomine no século XVII — em que a questão colonial foi avassaladora — e aquele retornasse, sob a forma do Barroco, mas já desfasado no tempo, no final do século e no seguinte. Se no Norte ainda foi possível o brilhante episódio de Nicolau Nasoni no Porto (torre dos Clérigos, 1737-1752), seguido de André Soares na talha arquitetônica minhota, em Lisboa, o tardo-barroco diluiu-se rapidamente entre um Rococó de influência franco-germânica (Queluz) e a tradição castiça nacional que, após o terremoto de 1755, renasce sob a forma do estilo pombalino, tendendo à rigidez do Neoclássico (Ajuda). Após o Romantismo (Sintra), o século XIX caracteriza-se pelo ecletismo sem unidade de gosto ou estilo, numa situação que faz lembrar o séc. XV e o neo-manuelino, o "estilo nacional" por excelência.
A fase contemporânea, reagindo contra esse nacionalismo, segue evolução paralela à européia, mas com forte pendor para um Realismo que perdura além do Modernismo (1905). Assiste-se, após 1950, a uma inesperada renovação artística, com a projeção de arquitetos e pintores de renome internacional.
Arte e Arquitetura dos EUA
1.INTRODUÇÃO
Arte e arquitetura dos Estados Unidos, a tradição européia em pintura, escultura e arquitetura desenvolvida nos Estados Unidos pelos primeiros colonos e seus sucessores, desde princípios do século XVII até a atualidade. Como nação nova, os Estados Unidos experimentaram uma profunda influência dos estilos artísticos e arquitetônicos que haviam alcançado sua máxima expressão na Europa. No decurso do século XIX, porém, o país desenvolveu traços distintivos dos modelos europeus. Mais tarde, no fim do século XIX, na arquitetura, e em meados do século XX, na pintura e na escultura, os mestres e escolas artísticas norte-americanos vieram a exercer uma decisiva influência sobre a arte e a arquitetura mundiais, período que coincide com sua crescente supremacia econômica e política no âmbito internacional e manifesta a prosperidade do país. A grande extensão geográfica dos Estados Unidos gerou diferenças de estilo, dentro de uma linha básica de evolução artística. As regiões colonizadas pelos diferentes países europeus refletem uma precoce herança colonial em suas formas estilísticas, sobretudo na arquitetura, ainda que em menor medida desde meados do século XIX. As variações climáticas também determinam distinções regionais nas tradições arquitetônicas. Ademais, existem diferenças entre a arte urbana e a rural nas distintas regiões: o isolamento dos artistas rurais permitiu que não recebessem influência das principais correntes artísticas e, assim, desenvolvessem modos de expressão individuais imaginativos e diretos, à margem das convenções formais estabelecidas. Este tipo de arte norte-americana inclui-se na tradição da arte popular naïf. As artes decorativas, em especial a dos metais e do mobiliário, também são uma importante forma de expressão artística durante o período colonial.
2.A ÉPOCA COLONIAL
A arte e a arquitetura nas colônias anglo-americanas revelam as diversas tradições nacionais dos colonizadores europeus, ainda que adaptadas aos perigos e às duras condições de um vasto deserto. As influências espanholas prevalecem no oeste, embora os estilos ingleses, misturados com os franceses e os alemães, predominem no leste.
3.O SÉCULO XVIII
No início do século XVIII, as colônias começaram a adquirir um caráter mais definido; à medida que iam sendo superadas as dificuldades e incrementados o comércio e a produção, surgiu o crescimento de prósperas cidades. Cidades recém-fundadas, como Williamsburg, na Virgínia, Annapolis, em Maryland, e especialmente Filadélfia, na Pensilvânia, foram planificadas seguindo projetos regulares e geométricos, traçados a régua, com ruas que se cruzam em ângulo reto e praças públicas. Em contraste, as cidades fundadas no século XVII, como é o caso de Boston, não seguiram um planejamento preconcebido e racional. No terreno da arquitetura, as casas de campo construídas em meados do século XVIII seguem o paladianismo inglês, bem como os edifícios públicos: por exemplo, o hospital da Pensilvânia (iniciado em 1754), na Filadélfia. A escola de pintura mais ativa foi a do vale do rio Hudson, onde os donos da terra ou patrões encomendavam retratos para suas casas senhoriais de estilo germânico. Benjamin West e John Singleton Copley estão entre os artistas que alcançaram popularidade pouco depois de meados do século XVIII.
4.A NOVA NAÇÃO (1776-1865)
Além dos conflitos sociais e econômicos, a Guerra da Independência gerou uma interrupção na atividade arquitetônica. A pintura também enfraqueceu-se. Entre 1785 e 1810, produziu-se um ressurgimento na arte e na arquitetura e estabeleceu-se um novo estilo nacional. Na década de 1790, a prosperidade de cidades como Boston e Salem, em Massachusetts; Baltimore, em Maryland; Savannah, na Geórgia; e Nova York desencadearam uma importante atividade de construção no incomparável estilo que expressa a aceitação do neoclassicismo do arquiteto britânico Robert Adam. Significativamente, os dirigentes da nação associavam a jovem república com as grandes repúblicas do mundo antigo. O neoclássico, baseado inicialmente nos protótipos romanos e no estilo formulado por Adam e pelo arquiteto inglês John Soane, converteu-se no estilo oficial da recente nação e inundou a nova cidade de Washington. Benjamin Latrobe, nascido e formado na Inglaterra, construiu os edifícios neoclássicos mais brilhantes dos Estados Unidos, como a Catedral de Baltimore (1806-1818). O neogrego sucedeu o neoclássico, reflexo do gosto mais pesado do último estilo em vigor na Inglaterra. Entre os anos de 1820 e 1850, o neogrego se converteu no que poderíamos denominar o estilo nacional. Gilbert Stuart foi o mais brilhante retratista da geração do pós-guerra e John Trumbull tornou-se o primeiro pintor da história da nação a imortalizar os grandes momentos da guerra.
5.DA GUERRA CIVIL AO ARMORY SHOW (1865-1913)
Os dois principais desenvolvimentos arquitetônicos depois da Guerra Civil foram a policromia vitoriana neogótica e o estilo Segundo Império. Em fins do século XIX, os arquitetos norte-americanos desenvolveram dois estilos próprios: a casa de campo e os arranha-céus (ver Escola de Chicago). O desenvolvimento vertical dos edifícios de escritórios se fez possível pela aparição de novos materiais (cimento armado e ferro) e de novas técnicas de construção, e se viu favorecido pela invenção do elevador, que já funcionava em Nova York na década de 1850. O estilo Beaux Arts transcendeu a década de 1890 e se prolongou até o século XX. Os arranha-céus ganharam até elementos históricos, geralmente góticos, na decoração. A pintura de paisagens culminou com a obra madura de George Inness, que, seguindo a linha da Escola Barbizon, somou a seu naturalismo o gosto pelos estados da natureza desenvolvidos de maneira poética. Os dois pintores mais destacados do século XIX nos Estados Unidos foram Winslow Homer e Thomas Eakins. Ao mesmo tempo, a corrente romântica na arte norte-americana, de grande peso desde Washington Allston, encontrou sua expressão na nova escola através das poéticas obras de William Morris Hunt e John La Farge e nas criações expressionistas de Ralph Blakelock, assim como nas pinturas de Albert Pinkham Ryder. Os dois estilos imperantes no começo do século — o estilo acadêmico, com sua temática idealizada, e o impressionismo, centrado na vida da burguesia rural — ignoraram o cenário urbano e se concentraram em temas mais contemporâneos, tendo como representantes, entre outros, George Luks, William James Glackens e John Sloan. Em 1908, estes artistas realizaram uma exposição coletiva como parte do grupo denominado Os Oito. Como movimento de vanguarda, Os Oito (também conhecido como a Ashcan School) teve uma vida relativamente curta, e foi substituído pela onda de modernismo que se seguiu ao Armory Show, a exposição da arte moderna européia celebrada em Nova York em 1913.
6.ARTE E ARQUITETURA CONTEMPORÂNEAS
Após a I Guerra Mundial (1919), a arte norte-americana alcançou dimensão internacional e exerceu uma influência mundial à medida que arquitetos, escultores e pintores experimentavam novos estilos, formas e meios de expressão artística. O estilo Beaux Arts se manteve até a crise econômica de 1929, que paralisou o auge da construção dos anos precedentes. Tanto nos edifícios públicos como nos privados, predominaram os estilos georgianos e românico, adaptados até em seus menores detalhes às necessidades do século XX. Ao mesmo tempo, alguns pioneiros com propostas individuais abriram caminho até o desenho moderno. O mais notável foi Frank Lloyd Wright. A última fase de sua trajetória foi marcada pelo uso do concreto combinado a novos sistemas estruturais e a formas geométricas audazes na linha do expressionismo, cujo exemplo mais famoso é a espiral do Museu Guggenheim (1956-1959), em Nova York. Uma importante mudança de direção na arquitetura dos Estados Unidos produziu-se com a chegada ao país, em 1930, de arquitetos alemães e austríacos que abandonaram a Europa em razão da proibição da arquitetura vanguardista por parte dos nazistas. Rudolph Schindler e Richard Neutra, em Los Angeles; Walter Gropius e Marcel Breuer, em Cambridge (Massachusetts); e Ludwig Mies van der Rohe, em Chicago, levaram os Estados Unidos à expressão das idéias de funcionalidade e estrutura no seio de composições abstratas, associadas a princípio com a escola alemã da Bauhaus e, posteriormente, englobadas sob o termo de Movimento moderno. A reação frente aos estereótipos desse movimento, considerado cada vez mais frio e monótono, originou, na década de 1950, uma corrente que buscava um estilo mais formalmente expressivo, como o que se vê nas obras de Eero Saarinen, Paul Marvin Rudolph (bom expoente do brutalismo), Louis Khan (que combina forma expressiva e monumental com funcionalidade) e Ieoh Ming Pei (autor da ampliação da National Gallery de Washington, em 1978), entre outros. Nas décadas de 1970 e 1980, a arquitetura pós-moderna supunha uma contestação da austeridade do movimento então dominante nos Estados Unidos desde a II Guerra Mundial. Entre os arquitetos afeitos a esta corrente, cabe destacar Robert Venturi (pioneiro e teorizador), Michael Graves, Robert A. M. Stern e Richard Meier. Os exemplos mais expressivos são prédios públicos, como o edifício Portland (na cidade homônima, 1982), de Graves. Uma figura importante e de certa forma independente do pós-modernismo é Frank O. Gehry, que concebe seus edifícios como esculturas. Um exemplo é seu projeto para o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
7.A PINTURA DA I GUERRA MUNDIAL
Nas primeiras décadas deste século, os estudantes norte-americanos em Paris entraram em contato com a obra de Paul Cézanne, dos fauvistas e de Pablo Picasso, assim como com as primeiras manifestações da arte abstrata. No início de 1908, em sua galeria de Nova York, o fotógrafo Alfred Stieglitz começou a mostrar a obra de John Marin, Arthur Garfield Dove, Max Weber e outros artistas norte-americanos de vanguarda. Durante um breve período após a I Guerra Mundial, os artistas norte-americanos tomaram partido do cubismo. Joseph Stella adotou o futurismo italiano, celebrando as formas industriais e do movimento em sua monumental Ponte de Brooklin (1919). O movimento mais difundido dentro da pintura figurativa foi o regionalismo, que rechaçou o internacionalismo da arte abstrata e adotou em sua temática a vida cotidiana norte-americana do campo ou da pequena cidade. Thomas Hart Benton é a figura principal desse movimento, que inclui também Grant Wood. O pintor realista norte-americano do século XX mais conhecido é Edward Hopper, um independente que se manteve à margem dos movimentos contemporâneos.
8.A PINTURA DA II GUERRA MUNDIAL
Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos se converteram no país mais poderoso do mundo, militar e economicamente. Esta prosperidade foi acompanhada de uma nascente liderança artística que transformou Nova York, o lugar dos mais significativos desenvolvimentos da arte abstrata desde o cubismo, na substituta de Paris como a capital do mundo artístico. Com o abstracionismo, os artistas buscaram reinterpretar a pintura mediante uma técnica de pinceladas vigorosas e abstratas, à maneira do expressionismo. Jackson Pollock desenvolveu a técnica do dripping (ou action painting), de pintura com brochas sobre uma tela enorme colocada no chão, mediante movimentos semi-automáticos, de forma que são obtidos esquemas rítmicos na tela. Outros artistas, ainda que compartilhem a pincelada livre e enérgica, assim como o enorme tamanho das telas características do movimento, apresentam estilos e qualidades expressivas bastante diferentes. Willem de Kooning, que nunca foi um verdadeiro pintor abstrato, é famoso por suas representações de mulheres com uma intensidade violenta. Um sentimento mais sereno se acha na pintura contemplativa de Robert Motherwell e nas telas nuas de Franz Kline, que sugerem linhas caligráficas. Em relação a este movimento, há que se destacar a tendência para a realização de uma obra, aplicando extensos campos de cores puras. Sua máxima expressão e visível nas obras de Mark Rothko, Barnett Newman e Clyfford Still. Em torno de 1960, haviam emergido duas reações diferentes contra o expressionismo abstrato. Jasper Johns, com suas frias e inexpressivas representações de bandeiras e de outros objetos cotidianos, e Robert Rauschenberg, com a incorporação de materiais próprios dos meios de comunicação de massas a suas colagens, marcaram a linha da Pop Art, enquanto Andy Warhol e Roy Lichtenstein, entre outros, reproduziram imagens extraídas de anúncios publicitários, histórias em quadrinhos e outros produtos da cultura popular. Ao mesmo tempo, os artistas minimalistas pretenderam enfatizar os aspectos formais das superfícies pictóricas e, para isso, reduziram suas obras à representação precisa de formas geométricas planas.
9.A ESCULTURA NORTE-AMERICANA NO SÉCULO XX
Na primeira década do século, os estilos acadêmicos, ainda que modificados pelo escultor francês Auguste Rodin, dominaram a escultura nos Estados Unidos e alguns artistas, como Paul Manship e Gaston Lachaise, introduziram um certo grau de simplificação e de estilização. Em 1916, Elie Nadelman voltou de Paris com um estilo escultórico cubista muito pessoal. Jacques Lipchitz, Chaim Gross e William Zorach foram outros pioneiros da escultura cubista. A obra de Isamu Noguchi foi exibida pela primeira vez na década de 1920. Nogushi havia se formado com o escultor Constantin Brancusi. Alexander Calder, influenciado pelo surrealismo biomórfico do espanhol Joan Miró, inventou uma nova forma de escultura: o móbile, que deu ao gênero o sentido de movimento e de mudança espontânea. O construtivismo, no qual a escultura foi concebida com diversos elementos manufaturados, chegou aos Estados Unidos através de artistas imigrantes da década de 1930, principalmente pelo brilhante e talentoso Naum Gabo. Depois de 1970, a escultura norte-americana, assim como a pintura, entrou num período de pluralismo. A escultura pop está representada por formas como as figuras de gesso em tamanho natural de George Segal; as figuras de plástico policromático de Duane Hanson, que beiram a caricatura; assim como as esculturas baseadas na fast food e outros objetos cotidianos de Claes Oldenburg. De outro lado, estão as enormes estruturas de metal de Richard Serra, que tratam de articular os espaços ao ar livre, em contraste com os ambientes em escala mais íntima de Louise Nevelson. Outras obras importantes da década de 1970 englobam desde os earthworks (intervenções sobre a natureza), que cobrem imensos espaços de terreno, até a precisa e simétrica escultura minimalista de Donald Judd e Sol LeWitt. Na década de 1980, começaram a aparecer formas mais excêntricas e orgânicas, tendência conhecida como escultura pós-moderna ou pós-minimalista.
Arte e arquitetura dos Estados Unidos, a tradição européia em pintura, escultura e arquitetura desenvolvida nos Estados Unidos pelos primeiros colonos e seus sucessores, desde princípios do século XVII até a atualidade. Como nação nova, os Estados Unidos experimentaram uma profunda influência dos estilos artísticos e arquitetônicos que haviam alcançado sua máxima expressão na Europa. No decurso do século XIX, porém, o país desenvolveu traços distintivos dos modelos europeus. Mais tarde, no fim do século XIX, na arquitetura, e em meados do século XX, na pintura e na escultura, os mestres e escolas artísticas norte-americanos vieram a exercer uma decisiva influência sobre a arte e a arquitetura mundiais, período que coincide com sua crescente supremacia econômica e política no âmbito internacional e manifesta a prosperidade do país. A grande extensão geográfica dos Estados Unidos gerou diferenças de estilo, dentro de uma linha básica de evolução artística. As regiões colonizadas pelos diferentes países europeus refletem uma precoce herança colonial em suas formas estilísticas, sobretudo na arquitetura, ainda que em menor medida desde meados do século XIX. As variações climáticas também determinam distinções regionais nas tradições arquitetônicas. Ademais, existem diferenças entre a arte urbana e a rural nas distintas regiões: o isolamento dos artistas rurais permitiu que não recebessem influência das principais correntes artísticas e, assim, desenvolvessem modos de expressão individuais imaginativos e diretos, à margem das convenções formais estabelecidas. Este tipo de arte norte-americana inclui-se na tradição da arte popular naïf. As artes decorativas, em especial a dos metais e do mobiliário, também são uma importante forma de expressão artística durante o período colonial.
2.A ÉPOCA COLONIAL
A arte e a arquitetura nas colônias anglo-americanas revelam as diversas tradições nacionais dos colonizadores europeus, ainda que adaptadas aos perigos e às duras condições de um vasto deserto. As influências espanholas prevalecem no oeste, embora os estilos ingleses, misturados com os franceses e os alemães, predominem no leste.
3.O SÉCULO XVIII
No início do século XVIII, as colônias começaram a adquirir um caráter mais definido; à medida que iam sendo superadas as dificuldades e incrementados o comércio e a produção, surgiu o crescimento de prósperas cidades. Cidades recém-fundadas, como Williamsburg, na Virgínia, Annapolis, em Maryland, e especialmente Filadélfia, na Pensilvânia, foram planificadas seguindo projetos regulares e geométricos, traçados a régua, com ruas que se cruzam em ângulo reto e praças públicas. Em contraste, as cidades fundadas no século XVII, como é o caso de Boston, não seguiram um planejamento preconcebido e racional. No terreno da arquitetura, as casas de campo construídas em meados do século XVIII seguem o paladianismo inglês, bem como os edifícios públicos: por exemplo, o hospital da Pensilvânia (iniciado em 1754), na Filadélfia. A escola de pintura mais ativa foi a do vale do rio Hudson, onde os donos da terra ou patrões encomendavam retratos para suas casas senhoriais de estilo germânico. Benjamin West e John Singleton Copley estão entre os artistas que alcançaram popularidade pouco depois de meados do século XVIII.
4.A NOVA NAÇÃO (1776-1865)
Além dos conflitos sociais e econômicos, a Guerra da Independência gerou uma interrupção na atividade arquitetônica. A pintura também enfraqueceu-se. Entre 1785 e 1810, produziu-se um ressurgimento na arte e na arquitetura e estabeleceu-se um novo estilo nacional. Na década de 1790, a prosperidade de cidades como Boston e Salem, em Massachusetts; Baltimore, em Maryland; Savannah, na Geórgia; e Nova York desencadearam uma importante atividade de construção no incomparável estilo que expressa a aceitação do neoclassicismo do arquiteto britânico Robert Adam. Significativamente, os dirigentes da nação associavam a jovem república com as grandes repúblicas do mundo antigo. O neoclássico, baseado inicialmente nos protótipos romanos e no estilo formulado por Adam e pelo arquiteto inglês John Soane, converteu-se no estilo oficial da recente nação e inundou a nova cidade de Washington. Benjamin Latrobe, nascido e formado na Inglaterra, construiu os edifícios neoclássicos mais brilhantes dos Estados Unidos, como a Catedral de Baltimore (1806-1818). O neogrego sucedeu o neoclássico, reflexo do gosto mais pesado do último estilo em vigor na Inglaterra. Entre os anos de 1820 e 1850, o neogrego se converteu no que poderíamos denominar o estilo nacional. Gilbert Stuart foi o mais brilhante retratista da geração do pós-guerra e John Trumbull tornou-se o primeiro pintor da história da nação a imortalizar os grandes momentos da guerra.
5.DA GUERRA CIVIL AO ARMORY SHOW (1865-1913)
Os dois principais desenvolvimentos arquitetônicos depois da Guerra Civil foram a policromia vitoriana neogótica e o estilo Segundo Império. Em fins do século XIX, os arquitetos norte-americanos desenvolveram dois estilos próprios: a casa de campo e os arranha-céus (ver Escola de Chicago). O desenvolvimento vertical dos edifícios de escritórios se fez possível pela aparição de novos materiais (cimento armado e ferro) e de novas técnicas de construção, e se viu favorecido pela invenção do elevador, que já funcionava em Nova York na década de 1850. O estilo Beaux Arts transcendeu a década de 1890 e se prolongou até o século XX. Os arranha-céus ganharam até elementos históricos, geralmente góticos, na decoração. A pintura de paisagens culminou com a obra madura de George Inness, que, seguindo a linha da Escola Barbizon, somou a seu naturalismo o gosto pelos estados da natureza desenvolvidos de maneira poética. Os dois pintores mais destacados do século XIX nos Estados Unidos foram Winslow Homer e Thomas Eakins. Ao mesmo tempo, a corrente romântica na arte norte-americana, de grande peso desde Washington Allston, encontrou sua expressão na nova escola através das poéticas obras de William Morris Hunt e John La Farge e nas criações expressionistas de Ralph Blakelock, assim como nas pinturas de Albert Pinkham Ryder. Os dois estilos imperantes no começo do século — o estilo acadêmico, com sua temática idealizada, e o impressionismo, centrado na vida da burguesia rural — ignoraram o cenário urbano e se concentraram em temas mais contemporâneos, tendo como representantes, entre outros, George Luks, William James Glackens e John Sloan. Em 1908, estes artistas realizaram uma exposição coletiva como parte do grupo denominado Os Oito. Como movimento de vanguarda, Os Oito (também conhecido como a Ashcan School) teve uma vida relativamente curta, e foi substituído pela onda de modernismo que se seguiu ao Armory Show, a exposição da arte moderna européia celebrada em Nova York em 1913.
6.ARTE E ARQUITETURA CONTEMPORÂNEAS
Após a I Guerra Mundial (1919), a arte norte-americana alcançou dimensão internacional e exerceu uma influência mundial à medida que arquitetos, escultores e pintores experimentavam novos estilos, formas e meios de expressão artística. O estilo Beaux Arts se manteve até a crise econômica de 1929, que paralisou o auge da construção dos anos precedentes. Tanto nos edifícios públicos como nos privados, predominaram os estilos georgianos e românico, adaptados até em seus menores detalhes às necessidades do século XX. Ao mesmo tempo, alguns pioneiros com propostas individuais abriram caminho até o desenho moderno. O mais notável foi Frank Lloyd Wright. A última fase de sua trajetória foi marcada pelo uso do concreto combinado a novos sistemas estruturais e a formas geométricas audazes na linha do expressionismo, cujo exemplo mais famoso é a espiral do Museu Guggenheim (1956-1959), em Nova York. Uma importante mudança de direção na arquitetura dos Estados Unidos produziu-se com a chegada ao país, em 1930, de arquitetos alemães e austríacos que abandonaram a Europa em razão da proibição da arquitetura vanguardista por parte dos nazistas. Rudolph Schindler e Richard Neutra, em Los Angeles; Walter Gropius e Marcel Breuer, em Cambridge (Massachusetts); e Ludwig Mies van der Rohe, em Chicago, levaram os Estados Unidos à expressão das idéias de funcionalidade e estrutura no seio de composições abstratas, associadas a princípio com a escola alemã da Bauhaus e, posteriormente, englobadas sob o termo de Movimento moderno. A reação frente aos estereótipos desse movimento, considerado cada vez mais frio e monótono, originou, na década de 1950, uma corrente que buscava um estilo mais formalmente expressivo, como o que se vê nas obras de Eero Saarinen, Paul Marvin Rudolph (bom expoente do brutalismo), Louis Khan (que combina forma expressiva e monumental com funcionalidade) e Ieoh Ming Pei (autor da ampliação da National Gallery de Washington, em 1978), entre outros. Nas décadas de 1970 e 1980, a arquitetura pós-moderna supunha uma contestação da austeridade do movimento então dominante nos Estados Unidos desde a II Guerra Mundial. Entre os arquitetos afeitos a esta corrente, cabe destacar Robert Venturi (pioneiro e teorizador), Michael Graves, Robert A. M. Stern e Richard Meier. Os exemplos mais expressivos são prédios públicos, como o edifício Portland (na cidade homônima, 1982), de Graves. Uma figura importante e de certa forma independente do pós-modernismo é Frank O. Gehry, que concebe seus edifícios como esculturas. Um exemplo é seu projeto para o Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha.
7.A PINTURA DA I GUERRA MUNDIAL
Nas primeiras décadas deste século, os estudantes norte-americanos em Paris entraram em contato com a obra de Paul Cézanne, dos fauvistas e de Pablo Picasso, assim como com as primeiras manifestações da arte abstrata. No início de 1908, em sua galeria de Nova York, o fotógrafo Alfred Stieglitz começou a mostrar a obra de John Marin, Arthur Garfield Dove, Max Weber e outros artistas norte-americanos de vanguarda. Durante um breve período após a I Guerra Mundial, os artistas norte-americanos tomaram partido do cubismo. Joseph Stella adotou o futurismo italiano, celebrando as formas industriais e do movimento em sua monumental Ponte de Brooklin (1919). O movimento mais difundido dentro da pintura figurativa foi o regionalismo, que rechaçou o internacionalismo da arte abstrata e adotou em sua temática a vida cotidiana norte-americana do campo ou da pequena cidade. Thomas Hart Benton é a figura principal desse movimento, que inclui também Grant Wood. O pintor realista norte-americano do século XX mais conhecido é Edward Hopper, um independente que se manteve à margem dos movimentos contemporâneos.
8.A PINTURA DA II GUERRA MUNDIAL
Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos se converteram no país mais poderoso do mundo, militar e economicamente. Esta prosperidade foi acompanhada de uma nascente liderança artística que transformou Nova York, o lugar dos mais significativos desenvolvimentos da arte abstrata desde o cubismo, na substituta de Paris como a capital do mundo artístico. Com o abstracionismo, os artistas buscaram reinterpretar a pintura mediante uma técnica de pinceladas vigorosas e abstratas, à maneira do expressionismo. Jackson Pollock desenvolveu a técnica do dripping (ou action painting), de pintura com brochas sobre uma tela enorme colocada no chão, mediante movimentos semi-automáticos, de forma que são obtidos esquemas rítmicos na tela. Outros artistas, ainda que compartilhem a pincelada livre e enérgica, assim como o enorme tamanho das telas características do movimento, apresentam estilos e qualidades expressivas bastante diferentes. Willem de Kooning, que nunca foi um verdadeiro pintor abstrato, é famoso por suas representações de mulheres com uma intensidade violenta. Um sentimento mais sereno se acha na pintura contemplativa de Robert Motherwell e nas telas nuas de Franz Kline, que sugerem linhas caligráficas. Em relação a este movimento, há que se destacar a tendência para a realização de uma obra, aplicando extensos campos de cores puras. Sua máxima expressão e visível nas obras de Mark Rothko, Barnett Newman e Clyfford Still. Em torno de 1960, haviam emergido duas reações diferentes contra o expressionismo abstrato. Jasper Johns, com suas frias e inexpressivas representações de bandeiras e de outros objetos cotidianos, e Robert Rauschenberg, com a incorporação de materiais próprios dos meios de comunicação de massas a suas colagens, marcaram a linha da Pop Art, enquanto Andy Warhol e Roy Lichtenstein, entre outros, reproduziram imagens extraídas de anúncios publicitários, histórias em quadrinhos e outros produtos da cultura popular. Ao mesmo tempo, os artistas minimalistas pretenderam enfatizar os aspectos formais das superfícies pictóricas e, para isso, reduziram suas obras à representação precisa de formas geométricas planas.
9.A ESCULTURA NORTE-AMERICANA NO SÉCULO XX
Na primeira década do século, os estilos acadêmicos, ainda que modificados pelo escultor francês Auguste Rodin, dominaram a escultura nos Estados Unidos e alguns artistas, como Paul Manship e Gaston Lachaise, introduziram um certo grau de simplificação e de estilização. Em 1916, Elie Nadelman voltou de Paris com um estilo escultórico cubista muito pessoal. Jacques Lipchitz, Chaim Gross e William Zorach foram outros pioneiros da escultura cubista. A obra de Isamu Noguchi foi exibida pela primeira vez na década de 1920. Nogushi havia se formado com o escultor Constantin Brancusi. Alexander Calder, influenciado pelo surrealismo biomórfico do espanhol Joan Miró, inventou uma nova forma de escultura: o móbile, que deu ao gênero o sentido de movimento e de mudança espontânea. O construtivismo, no qual a escultura foi concebida com diversos elementos manufaturados, chegou aos Estados Unidos através de artistas imigrantes da década de 1930, principalmente pelo brilhante e talentoso Naum Gabo. Depois de 1970, a escultura norte-americana, assim como a pintura, entrou num período de pluralismo. A escultura pop está representada por formas como as figuras de gesso em tamanho natural de George Segal; as figuras de plástico policromático de Duane Hanson, que beiram a caricatura; assim como as esculturas baseadas na fast food e outros objetos cotidianos de Claes Oldenburg. De outro lado, estão as enormes estruturas de metal de Richard Serra, que tratam de articular os espaços ao ar livre, em contraste com os ambientes em escala mais íntima de Louise Nevelson. Outras obras importantes da década de 1970 englobam desde os earthworks (intervenções sobre a natureza), que cobrem imensos espaços de terreno, até a precisa e simétrica escultura minimalista de Donald Judd e Sol LeWitt. Na década de 1980, começaram a aparecer formas mais excêntricas e orgânicas, tendência conhecida como escultura pós-moderna ou pós-minimalista.
Arte e Arquitetura do Egito
1.INTRODUÇÃO
A história do Egito foi a mais longa de todas as civilizações antigas que floresceram em torno do Mediterrâneo, estendendo-se, quase sem interrupção, desde aproximadamente o ano 3000 a.C. até o século IV d.C. A natureza do país — desenvolvido em torno do Nilo, que o banha e fertiliza, em quase total isolamento de influências culturais exteriores — produziu um estilo artístico que mal sofreu mudanças ao longo de seus mais de 3.000 anos de história. Todas as manifestações artísticas estiveram, basicamente, a serviço do estado, da religião e do faraó, considerado como um deus sobre a terra. Desde os primeiros tempos, a crença numa vida depois da morte ditou a norma de enterrar os corpos com seus melhores pertences, para assegurar seu trânsito na eternidade. A regularidade dos ciclos naturais, o crescimento e a inundação anual do rio Nilo, a sucessão das estações e o curso solar que provocava o dia e a noite foram considerados como presentes dos deuses às pessoas do Egito. O pensamento, a cultura e a moral egípicios eram baseados num profundo respeito pela ordem e pelo equilíbrio. A arte pretendia ser útil: não se falava em peças ou em obras belas, e sim em eficazes ou eficientes. O intercâmbio cultural e a novidade nunca foram considerados como algo importante por si mesmos. Assim, as convenções e o estilo representativos da arte egípcia, estabelecidos desde o primeiro momento, continuaram praticamente imutáveis através dos tempos. Para o espectador contemporâneo a linguagem artística pode parecer rígida e estática. Sua intenção fundamental, sem dúvida, não foi a de criar uma imagem real das coisas tal como apareciam, mas sim captar para a eternidade a essência do objeto, da pessoa ou do animal representado.
2.PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO
Os primeiros povoadores pré-históricos assentaram-se sobre as terras ou planaltos formados pelos sedimentos que o rio Nilo havia depositado em seu curso. Os objetos e ferramentas deixados pelos primeiros habitantes do Egito mostram sua paulatina transformação de uma sociedade de caçadores-catadores seminômades em agricultores sedentários. O período pré-dinástico abrange de 4000 a.C. a 3100 a.C., aproximadamente.
3.ANTIGO IMPÉRIO
Durante as primeiras dinastias, construíram-se importantes complexos funerários para os faraós em Abidos e Sakkara. Os hieróglifos (escrita figurativa), forma de escrever a língua egípcia, encontravam-se então em seu primeiro nível de evolução e já mostravam seu caráter de algo vivo, como o resto da decoração. Na III dinastia, a capital mudou-se para Mênfis e os faraós iniciaram a construção de pirâmides, que substituíram as mastabas como tumbas reais. O arquiteto, cientista e pensador Imhotep construiu para o faraó Zoser (c. 2737-2717 a.C.) uma pirâmide em degraus de pedra e um grupo de templos, altares e dependências afins. Deste período é o famoso conjunto monumental de Gizé, onde se encontram as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos. A escultura caracterizava-se pelo estilo hierático, a rigidez, as formas cúbicas e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de forma retangular; depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a figura ou objeto a ser representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.). A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais: glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu caminho até a eternidade (feita nas tumbas). Na cerâmica, as peças ricamente decoradas do período pré-dinástico foram substituídas por belas peças não decoradas, de superfície polida e com uma grande variedade de formas e modelos, destinadas a servir de objetos de uso cotidiano. Já as jóias eram feitas em ouro e pedras semipreciosas, incorporando formas e desenhos, de animais e de vegetais. Ao finalizar a VI dinastia, o poder central do Egito havia diminuído e os governantes locais decidiram fazer as tumbas em suas próprias províncias, em lugar de serem enterrados perto das necrópoles dos faraós a quem serviam. Desta dinastia data a estátua em metal mais antiga que se conhece no Egito: uma imagem em cobre (c. 2300 a.C.) de Pepi I (c. 2395-2360 a.C.).
4.MÉDIO IMPÉRIO
Mentuhotep II, faraó da XI dinastia, foi o primeiro faraó do novo Egito unificado do Médio Império (2134-1784 a.C.). Criou um novo estilo ou uma nova tipologia de monumento funerário, provavelmente inspirado nos conjuntos funerários do Antigo Império. Na margem oeste do Tebas, até o outro lado do Nilo, no lugar denominado de Deir el Bahari, construiu-se um templo no vale ligado por um longo caminho real a outro templo que se encontrava instalado na encosta da montanha. Formado por uma mastaba coroada por uma pirâmide e rodeado de pórticos em dois níveis, os muros foram decorados com relevos do faraó em companhia dos deuses. A escultura do Médio Império se caracterizava pela tendência ao realismo. Destacam-se os retratos de faraós como Amenemés III e Sesóstris III. O costume entre os nobres de serem enterrados em tumbas construídas em seus próprios centros de influência, em vez de na capital, manteve-se vigente. Ainda que muitas delas estivessem decoradas com relevos, como as tumbas de Asuán, no sul, outras, como as de Beni Hassan e El Bersha, no Médio Egito, foram decoradas exclusivamente com pinturas. A pintura também decorava os sarcófagos retangulares de madeira, típicos deste período. Os desenhos eram muito lineares e mostravam grande minúcia nos detalhes. No Médio Império, também foram produzidos magníficos trabalhos de arte decorativa, particularmente jóias feitas em metais preciosos com incrustação de pedras coloridas. Neste período aparece a técnica do granulado e o barro vidrado alcançou grande importância para a elaboração de amuletos e pequenas figuras.
5.NOVO IMPÉRIO
O Novo Império (1570-1070 a.C.) começou com a XVIII dinastia e foi uma época de grande poder, riqueza e influência. Quase todos os faraós deste período preocuparam-se em ampliar o conjunto de templos de Karnak, centro de culto a Amon, que se converteu, assim, num dos mais impressionantes complexos religiosos da história. Próximo a este conjunto, destaca-se também o templo de Luxor. Do Novo Império, também se destaca o insólito templo da rainha Hatshepsut, em Deir el Bahari, levantado pelo arquiteto Senemut (morto no ano de 1428 a.C.) e situado diante dos alcantilados do rio Nilo, junto ao templo de Mentuhotep II. Durante a XIX Dinastia, na época de Ramsés II, um dos mais importantes faraós do Novo Império, foram construídos os gigantescos templos de Abu Simbel, na Núbia, ao sul do Egito. A escultura, naquele momento, alcançou uma nova dimensão e surgiu um estilo cortesão, no qual se combinavam perfeitamente a elegância e a cuidadosa atenção aos detalhes mais delicados. Tal estilo alcançaria a maturidade nos tempos de Amenófis III. A arte na época de Akhenaton refletia a revolução religiosa promovida pelo faraó, que adorava Aton, deus solar, e projetou uma linha artística orientada nesta nova direção, eliminando a imobilidade tradicional da arte egípcia. Deste período, destaca-se o busto da rainha Nefertiti (c. 1365 a.C.). A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas. A necrópole de Tebas é uma rica fonte de informação sobre a lenta evolução da tradição artística, assim como de excelentes ilustrações da vida naquela época. Durante o Novo Império, a arte decorativa, a pintura e a escultura alcançaram as mais elevadas etapas de perfeição e beleza. Os objetos de uso cotidiano, utilizados pela corte real e a nobreza, foram maravilhosamente desenhados e elaborados com grande destreza técnica. Não há melhor exemplo para ilustrar esta afirmação do que o enxoval funerário da tumba (descoberta em 1922) de Tutankhamen.
6.ÉPOCA TARDIA
Em Madinat Habu, perto de Tebas, na margem ocidental do Nilo, Ramsés III, o último da poderosa saga de faraós da XX dinastia, levantou um enorme templo funerário (1198-1167 a.C.), cujos restos são os mais conservados na atualidade. O rei assírio Assurbanipal conquistou o Egito, convertendo-o em província assíria até que Psamético I (664-610 a.C.) libertou o país da dominação e criou uma nova dinastia, a XXVI, denominada saíta. Desse período, destacam-se os trabalhos de escultura em bronze, de grande suavidade e brandura na modelagem, com tendência a formas torneadas. Os egípcios tiveram então contato com os gregos, alguns dos quais haviam servido em seu exército como mercenários, e também com os judeus, através de uma colônia que estes tinham no sul, perto de Asuán. A conquista do país por Alexandre Magno, em 332 a.C., e pelos romanos, no ano 30 a.C., introduziu o Egito na esfera do mundo clássico, embora persistissem suas antigas tradições artísticas. Alexandre (fundador da cidade de Alexandria, que se converteu num importante foco da cultura helenística) e seus sucessores aparecem representados em relevo nos muros dos templos como se fossem autênticos faraós — e num claro estilo egípcio, e não clássico. Os templos construídos durante o período ptolomaico (helênico) repetem os modelos arquitetônicos tradicionais do Egito.
Arte e Arquitetura de Roma
1.INTRODUÇÃO
Arte e arquitetura de Roma, arte e arquitetura da antiga Roma e seu império, que em seu apogeu estendeu-se das ilhas Britânicas até o mar Cáspio. A arte romana mais primitiva remonta à derrocada dos reis etruscos e ao estabelecimento da república no ano de 509 a.C. Para a História, o final da arte romana e por conseguinte o início da arte medieval coincidem com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo e com a mudança da capital do Império de Roma para Constantinopla, no ano 330. Entretanto, tanto o estilo romano como a sua temática pagã continuaram sendo representados durante séculos, reproduzidos freqüentemente em imagens cristãs. Tradicionalmente, a arte romana é dividida em dois períodos: a arte da Roma republicana e a da Roma imperial (do ano 27 a.C. em diante), com subdivisões correspondentes aos imperadores mais importantes ou às diferentes dinastias. Na época da república, o termo romano estava praticamente restrito à arte realizada na cidade de Roma, que conserva o rastro de seu passado etrusco. Pouco a pouco, a arte libertou-se de sua herança etrusca, graças à expansão pela Itália e pelo Mediterrâneo e ao fato de os romanos terem assimilado outras culturas, como a grega. Durante os dois últimos séculos antes do nascimento de Cristo, surgiu uma maneira tipicamente romana de construir edifícios, realizar esculturas e pintar. Entretanto, devido à extraordinária extensão geográfica do Império de Roma e às suas diversas colônias, a arte e a arquitetura romanas foram sempre ecléticas e se caracterizaram por empregar estilos distintos atribuídos aos gostos regionais e às preferências de seus mecenas. A arte romana não é somente a arte dos imperadores, senadores e patrícios, mas também a de todos os habitantes do vasto império romano, incluindo a classe média dos homens de negócios, os homens livres ou plebeus e os escravos e legionários da Itália e suas províncias. Curiosamente, apesar de existir uma grande quantidade de exemplos escultóricos, pictóricos, arquitetônicos e decorativos, conhecemos poucos nomes de seus artistas e arquitetos. Geralmente, os monumentos romanos foram realizados mais para homenagear os seus mecenas do que para expressar a sensibilidade artística de seus criadores.
2.A ARQUITETURA
Podemos ter uma clara idéia da arquitetura romana através dos impressionantes vestígios dos edifícios públicos e privados da Roma antiga e graças aos escritos da época, como o De Architectura, um tratado de dez volumes compilado por Vitrúvio no fim do século I a.C. Os templos romanos foram o resultado de uma combinação de elementos gregos e etruscos: planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres e uma escada na fachada dando acesso ao pódio ou à base. Os romanos conservaram as tradicionais ordens gregas (dórica, jônica e coríntia), mas inventaram outras duas: a toscana, uma espécie de ordem dórica sem estrias na fuste, e a composta, com um capitel criado a partir da mistura de elementos jônicos e coríntios. A Maison Carrée, da cidade francesa de Nimes (c. 16 d.C.), é um excelente exemplo da tipologia romana templária. Na península Ibérica, subsistem alguns restos arqueológicos de templos da época romana. Na Espanha, podem ser encontrados nas cidades de Barcelona, Mérida (dedicado à deusa Diana), Córdoba (colunas da rua Claudio Marcelo) e Sevilha. Em Portugal, destacam-se o templo de Egitânia (provavelmente dedicado a Júpiter ou Vênus), o de Évora (ou Diana) e o de Almofala (em Figueira de Castelo Rodrigo). Os teatros e os anfiteatros romanos apareceram pela primeira vez no final do período republicano. Diferentemente dos teatros gregos, situados em declives naturais, os teatros romanos foram construídos sobre uma estrutura de pilares e abóbadas e, dessa maneira, puderam ser instalados no coração das cidades. Os teatros de Itálica e de Mérida foram realizados nos tempos de Augusto e de Agripa, respectivamente. O mais antigo anfiteatro conhecido é o de Pompéia (75 a.C.) e o maior é o Coliseu de Roma (70-80 d.C.). Na Hispânia romana, destacam-se os anfiteatros de Mérida, Tarragona e Itálica. Os circos ou hipódromos também foram construídos nas cidades mais importantes; a praça Navona de Roma ocupa o lugar de um circo construído durante o reinado de Domiciano (81-96 d.C.). As cidades grandes e as pequenas tiveram termas ou banhos públicos (thermae). As termas (75 a.C.) próximas do foro de Pompéia são um excelente exemplo dos modelos mais antigos. Durante o Império, essas estruturas, comparativamente modestas, foram se transformando progressivamente, tornando-se mais grandiosas. Exemplos posteriores, como os banhos de Caracala (c. 217 d.C.) em Roma, chegavam a ter bibliotecas, tendas e enormes espaços públicos cobertos com abóbadas e decorados com estátuas, mosaicos, pinturas e estuques. Entre os diversos projetos de construções públicas dos romanos, a rede de pontes e calçadas, que facilitaram a comunicação através de todo o império e os aquedutos, que levavam água às cidades a partir dos mananciais próximos (como Pont du Gard, ano 19 d.C., próximo a Nimes), são os mais extraordinários. Em Portugal, são bons exemplos o aqueduto de Olisipo (do qual o aqueduto das Águas Livres, de D. João V, parece seguir boa parte do percurso), o de Conímbriga e os sistemas de captação de água interligados a uma arquitetura industrial presentes em Tróia de Setúbal (ver Romanos em Portugal). Já na Espanha, os mais destacados são a ponte de Alcântara, em Cáceres, e o famoso aqueduto de Segóvia.
3.A ESCULTURA
Ao longo de toda Roma, as estátuas e os relevos escultóricos adornaram os edifícios públicos e privados. De fato, algumas construções romanas foram pouco mais do que suportes monumentais para a escultura. Os arcos do triunfo, levantados em todas as partes do Império, destacam-se como monumentos entre os mais importantes. Embora quase nenhum dos grandes grupos escultóricos instalados nesses arcos tenha resistido à passagem do tempo, essas construções tinham como finalidade original servir de suporte para estátuas honoríficas. Entre os arcos mais importantes, destacam-se, em Roma, o de Tito (c. 81 d.C.), no Foro romano, e o de Constantino (315 d.C.). Na Espanha, foram conservados os arcos de Bará, em Tarragona, o de Caparra, na cidade antiga de Capeta (Cáceres), e o de Medinaceli, em Sória, cuja construção remonta ao fim do século I d.C. Também foram erguidas colunas historiadas, com frisos em baixo-relevo em espiral, relatando com grande riqueza de detalhes as campanhas militares dos romanos. A primeira e a maior delas foi a do foro de Trajano (113 d.C.) construída em Roma pelo arquiteto Apolodoro, de Damasco. Os relevos históricos adornaram também grandes altares como o Ara Pacis de Augusto (fechado em Roma do 13 ao 9 a.C.). Restaram poucas estátuas em bronze e quase nenhuma em ouro ou prata, já que muitas delas foram fundidas na Idade Média e períodos posteriores. Uma das poucas que existe é a estátua eqüestre em bronze (c. 175 d.C.) do imperador Marco Aurélio na praça do Capitólio em Roma. O retrato escultórico romano, em que se destaca a estátua de Constantino (c. 315 d.C.-330 d.C.), compõe um dos grandes capítulos na história da arte antiga. O conceito simbólico das imagens continuou no período da Roma imperial, tal como revelam as imagens de Augusto.
4.A PINTURA
Restaram poucos quadros dessa época, mas, pela literatura antiga, sabe-se que os artistas romanos trabalharam uma grande variedade de temas, entre os quais se incluem acontecimentos históricos, mitos, cenas da vida cotidiana, retratos e natureza-morta. A pintura mural está bem documentada, sobretudo em Pompéia e nas demais cidades soterradas no ano 79 d.C. pela lavas do vulcão Vesúvio. Distinguem-se quatro etapas denominadas estilos pompeianos. O primeiro estilo (120 a 80 a.C.) baseia-se na decoração grega de interiores e às vezes é chamado de estilo de incrustação, pois suas pinturas sobre o gesso foram utilizadas para imitar o aspecto dos muros de mármore polidos. O objetivo do segundo estilo (80 a 15 a.C.) era criar, através da perspectiva, uma ilusão espacial que o prolongava além da superfície do mural. O terceiro estilo (15 a.C. a 63 d.C.) é uma pintura delicada na qual o ilusionismo do segundo estilo foi suprimido em favor de arabescos lineares sobre fundos monocromáticos. No quarto estilo (63 a 79 d.C.), os motivos arquitetônicos voltaram a se tornar populares; mas dessa vez a perspectiva lógica foi relegada a um plano secundário, sendo substituída por estruturas fantásticas, impossíveis de construir.
5.OS MOSAICOS
Em todas as partes do Império, encontram-se mosaicos romanos. Oscilam dos modelos abstratos de tesselas brancas e negras até ambiciosas composições figurativas policromáticas, como o grande chão da casa de Fauno em Pompéia. Recentes escavações descobriram as formosas abóbadas em estuque na Casa Farnesina (20 a.C.) e na tumba dos Pancratii em Roma (160 d.C.). Na Espanha e em Portugal, ainda há diversos mosaicos da época romana. Entre os espanhóis, vale destacar os de Mérida, o dos Sete Sábios e os da casa de Mitreo e os de Ampúrias em Gerona, que retratam O sacrifício de Ifigênia. Entre os portugueses, os melhores exemplos são os das termas Augustanas, os da casa de Cantaber e os encontrados em outros pontos de Conímbriga, alguns em exposição no Museu Monográfico local.
Arte e arquitetura de Roma, arte e arquitetura da antiga Roma e seu império, que em seu apogeu estendeu-se das ilhas Britânicas até o mar Cáspio. A arte romana mais primitiva remonta à derrocada dos reis etruscos e ao estabelecimento da república no ano de 509 a.C. Para a História, o final da arte romana e por conseguinte o início da arte medieval coincidem com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo e com a mudança da capital do Império de Roma para Constantinopla, no ano 330. Entretanto, tanto o estilo romano como a sua temática pagã continuaram sendo representados durante séculos, reproduzidos freqüentemente em imagens cristãs. Tradicionalmente, a arte romana é dividida em dois períodos: a arte da Roma republicana e a da Roma imperial (do ano 27 a.C. em diante), com subdivisões correspondentes aos imperadores mais importantes ou às diferentes dinastias. Na época da república, o termo romano estava praticamente restrito à arte realizada na cidade de Roma, que conserva o rastro de seu passado etrusco. Pouco a pouco, a arte libertou-se de sua herança etrusca, graças à expansão pela Itália e pelo Mediterrâneo e ao fato de os romanos terem assimilado outras culturas, como a grega. Durante os dois últimos séculos antes do nascimento de Cristo, surgiu uma maneira tipicamente romana de construir edifícios, realizar esculturas e pintar. Entretanto, devido à extraordinária extensão geográfica do Império de Roma e às suas diversas colônias, a arte e a arquitetura romanas foram sempre ecléticas e se caracterizaram por empregar estilos distintos atribuídos aos gostos regionais e às preferências de seus mecenas. A arte romana não é somente a arte dos imperadores, senadores e patrícios, mas também a de todos os habitantes do vasto império romano, incluindo a classe média dos homens de negócios, os homens livres ou plebeus e os escravos e legionários da Itália e suas províncias. Curiosamente, apesar de existir uma grande quantidade de exemplos escultóricos, pictóricos, arquitetônicos e decorativos, conhecemos poucos nomes de seus artistas e arquitetos. Geralmente, os monumentos romanos foram realizados mais para homenagear os seus mecenas do que para expressar a sensibilidade artística de seus criadores.
2.A ARQUITETURA
Podemos ter uma clara idéia da arquitetura romana através dos impressionantes vestígios dos edifícios públicos e privados da Roma antiga e graças aos escritos da época, como o De Architectura, um tratado de dez volumes compilado por Vitrúvio no fim do século I a.C. Os templos romanos foram o resultado de uma combinação de elementos gregos e etruscos: planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres e uma escada na fachada dando acesso ao pódio ou à base. Os romanos conservaram as tradicionais ordens gregas (dórica, jônica e coríntia), mas inventaram outras duas: a toscana, uma espécie de ordem dórica sem estrias na fuste, e a composta, com um capitel criado a partir da mistura de elementos jônicos e coríntios. A Maison Carrée, da cidade francesa de Nimes (c. 16 d.C.), é um excelente exemplo da tipologia romana templária. Na península Ibérica, subsistem alguns restos arqueológicos de templos da época romana. Na Espanha, podem ser encontrados nas cidades de Barcelona, Mérida (dedicado à deusa Diana), Córdoba (colunas da rua Claudio Marcelo) e Sevilha. Em Portugal, destacam-se o templo de Egitânia (provavelmente dedicado a Júpiter ou Vênus), o de Évora (ou Diana) e o de Almofala (em Figueira de Castelo Rodrigo). Os teatros e os anfiteatros romanos apareceram pela primeira vez no final do período republicano. Diferentemente dos teatros gregos, situados em declives naturais, os teatros romanos foram construídos sobre uma estrutura de pilares e abóbadas e, dessa maneira, puderam ser instalados no coração das cidades. Os teatros de Itálica e de Mérida foram realizados nos tempos de Augusto e de Agripa, respectivamente. O mais antigo anfiteatro conhecido é o de Pompéia (75 a.C.) e o maior é o Coliseu de Roma (70-80 d.C.). Na Hispânia romana, destacam-se os anfiteatros de Mérida, Tarragona e Itálica. Os circos ou hipódromos também foram construídos nas cidades mais importantes; a praça Navona de Roma ocupa o lugar de um circo construído durante o reinado de Domiciano (81-96 d.C.). As cidades grandes e as pequenas tiveram termas ou banhos públicos (thermae). As termas (75 a.C.) próximas do foro de Pompéia são um excelente exemplo dos modelos mais antigos. Durante o Império, essas estruturas, comparativamente modestas, foram se transformando progressivamente, tornando-se mais grandiosas. Exemplos posteriores, como os banhos de Caracala (c. 217 d.C.) em Roma, chegavam a ter bibliotecas, tendas e enormes espaços públicos cobertos com abóbadas e decorados com estátuas, mosaicos, pinturas e estuques. Entre os diversos projetos de construções públicas dos romanos, a rede de pontes e calçadas, que facilitaram a comunicação através de todo o império e os aquedutos, que levavam água às cidades a partir dos mananciais próximos (como Pont du Gard, ano 19 d.C., próximo a Nimes), são os mais extraordinários. Em Portugal, são bons exemplos o aqueduto de Olisipo (do qual o aqueduto das Águas Livres, de D. João V, parece seguir boa parte do percurso), o de Conímbriga e os sistemas de captação de água interligados a uma arquitetura industrial presentes em Tróia de Setúbal (ver Romanos em Portugal). Já na Espanha, os mais destacados são a ponte de Alcântara, em Cáceres, e o famoso aqueduto de Segóvia.
3.A ESCULTURA
Ao longo de toda Roma, as estátuas e os relevos escultóricos adornaram os edifícios públicos e privados. De fato, algumas construções romanas foram pouco mais do que suportes monumentais para a escultura. Os arcos do triunfo, levantados em todas as partes do Império, destacam-se como monumentos entre os mais importantes. Embora quase nenhum dos grandes grupos escultóricos instalados nesses arcos tenha resistido à passagem do tempo, essas construções tinham como finalidade original servir de suporte para estátuas honoríficas. Entre os arcos mais importantes, destacam-se, em Roma, o de Tito (c. 81 d.C.), no Foro romano, e o de Constantino (315 d.C.). Na Espanha, foram conservados os arcos de Bará, em Tarragona, o de Caparra, na cidade antiga de Capeta (Cáceres), e o de Medinaceli, em Sória, cuja construção remonta ao fim do século I d.C. Também foram erguidas colunas historiadas, com frisos em baixo-relevo em espiral, relatando com grande riqueza de detalhes as campanhas militares dos romanos. A primeira e a maior delas foi a do foro de Trajano (113 d.C.) construída em Roma pelo arquiteto Apolodoro, de Damasco. Os relevos históricos adornaram também grandes altares como o Ara Pacis de Augusto (fechado em Roma do 13 ao 9 a.C.). Restaram poucas estátuas em bronze e quase nenhuma em ouro ou prata, já que muitas delas foram fundidas na Idade Média e períodos posteriores. Uma das poucas que existe é a estátua eqüestre em bronze (c. 175 d.C.) do imperador Marco Aurélio na praça do Capitólio em Roma. O retrato escultórico romano, em que se destaca a estátua de Constantino (c. 315 d.C.-330 d.C.), compõe um dos grandes capítulos na história da arte antiga. O conceito simbólico das imagens continuou no período da Roma imperial, tal como revelam as imagens de Augusto.
4.A PINTURA
Restaram poucos quadros dessa época, mas, pela literatura antiga, sabe-se que os artistas romanos trabalharam uma grande variedade de temas, entre os quais se incluem acontecimentos históricos, mitos, cenas da vida cotidiana, retratos e natureza-morta. A pintura mural está bem documentada, sobretudo em Pompéia e nas demais cidades soterradas no ano 79 d.C. pela lavas do vulcão Vesúvio. Distinguem-se quatro etapas denominadas estilos pompeianos. O primeiro estilo (120 a 80 a.C.) baseia-se na decoração grega de interiores e às vezes é chamado de estilo de incrustação, pois suas pinturas sobre o gesso foram utilizadas para imitar o aspecto dos muros de mármore polidos. O objetivo do segundo estilo (80 a 15 a.C.) era criar, através da perspectiva, uma ilusão espacial que o prolongava além da superfície do mural. O terceiro estilo (15 a.C. a 63 d.C.) é uma pintura delicada na qual o ilusionismo do segundo estilo foi suprimido em favor de arabescos lineares sobre fundos monocromáticos. No quarto estilo (63 a 79 d.C.), os motivos arquitetônicos voltaram a se tornar populares; mas dessa vez a perspectiva lógica foi relegada a um plano secundário, sendo substituída por estruturas fantásticas, impossíveis de construir.
5.OS MOSAICOS
Em todas as partes do Império, encontram-se mosaicos romanos. Oscilam dos modelos abstratos de tesselas brancas e negras até ambiciosas composições figurativas policromáticas, como o grande chão da casa de Fauno em Pompéia. Recentes escavações descobriram as formosas abóbadas em estuque na Casa Farnesina (20 a.C.) e na tumba dos Pancratii em Roma (160 d.C.). Na Espanha e em Portugal, ainda há diversos mosaicos da época romana. Entre os espanhóis, vale destacar os de Mérida, o dos Sete Sábios e os da casa de Mitreo e os de Ampúrias em Gerona, que retratam O sacrifício de Ifigênia. Entre os portugueses, os melhores exemplos são os das termas Augustanas, os da casa de Cantaber e os encontrados em outros pontos de Conímbriga, alguns em exposição no Museu Monográfico local.
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